INTERPRESS (Junho, 2019) | Page 27

saiba mais: MUNDI PRESS O exponencial Jornalismo Literário Outras formas de fazer jornalismo: a busca incessante pela veracidade detalhada Por: Laura Roberta e Mayra Resende O jornalismo divulga a realidade coti- diana de forma clara e objetiva. Já a litera- tura busca unir a realidade com a ficção. Po- rém, um movimento no século XX criou um novo conceito que incorpora características da literatura no jornalismo, conhecido como Jornalismo Literário. Essa nova modalidade aderiu várias denominações, como Novo Jor- nalismo, Literatura não-ficcional, Literatura da realidade, Jornalismo em profundidade, entre outras. Sua característica marcante é introduzir a literatura em uma narrativa jor- nalística, assim, a realidade é transmitida de forma mais profunda, com vocabulário deta- lhado apresentado em uma estrutura narrativa. O Novo Jornalismo possui raízes histó- ricas inexatas, porém, atualmente, esse estilo faz-se presente em todo o mundo, inclusive no Brasil. Segundo o escritor, jornalista, profes- sor universitário e Doutor em Ciências da Co- municação pela USP, Edvaldo Pereira Lima, esse gênero foi criado em 1960, na imprensa norte-americana e possui como principais pre- cursores os jornalistas e escritores Tom Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer e Truman Capote. Na busca por definir o Jornalismo Literário, Talese afirma: “O Novo Jornalismo, embora possa ser lido como ficção, não é ficção. É, ou deveria ser, tão verídico, como a mais exata das reportagens, buscando embora uma verda- de mais ampla que a possível através da mera compilação de fatos comprováveis, o uso de citações, a adesão ao rígido estilo mais antigo. O novo jornalismo permite, na ver- dade exige, uma abordagem mais imagi- nativa da reportagem [...]”. Para Lima, um jornalista literário é um “comunicador que tem como instrumento-matriz a arte de con- tar histórias em suas diferentes formas”. No Jornalismo Literário mundial, o es- critor Truman Capote é considerado a principal referência com seu livro “A Sangue Frio”, lan- çado em 1966, que relata o assassinato de uma família em Holcomb, Kansas. Outros pioneiros mundiais nessa área são o jornalista e escritor Gabriel García Márquez, com seu livro “Notícia de um Sequestro”, publicado em 1996, que con- ta a história de cativeiros e grandes negociações que aconteciam na Colômbia, com destaque para um dos maiores traficantes já conhecidos, Pablo Escobar. E, também, o jornalista chinês John Hersey com o livro “Hiroshima” de 1946. Capote em seu quarto no hotel Ritz de Paris, em 1966 ROGER-VIOLLET / CORDON PRESS Fonte: Reprodução/Jornal El País 27