INTERPRESS (Junho, 2019) | Página 20

saiba mais: SOCHUM A pornografia na infância e juventude Como o consumo de material pornográfico afeta no desenvolvimento sexual, social e psicológico Por Giovana Dantas e Samuel Lucca A noção do que é pornografia e das cren- ças associadas a ela é muito complexa, pois trata-se de uma construção histórica e cultural, que também é influenciada por valores morais e ideologias de cada indivíduo. De acordo com as autoras Andrea Dworkin e Catharine Mackin- non, a pornografia pode ser conceituada como a subordinação sexual explícita, seja de mulheres, homens, crianças ou transexuais, através de ima- gens e/ou palavras, que podem incluir inúmeras características, como a objetificação e desuma- nização da pessoa apresentada e o uso da vio- lência no ato sexual. Já a Enciclopédia Britâni- ca, conceitua esse termo como “a representação do comportamento erótico em livros, imagens, filmes, etc., com a intenção de causar excita- ção sexual”. Existem diferentes perspectivas acerca do tema, sendo que algumas definições o problematizam muito mais do que outras, o que pode ser notado nos conceitos supracitados. Sabe-se que o consumo de material pornográfico é anterior ao surgimento da in- ternet, pois esse já era difundido antes através de filmes e revistas. Porém, a ampliação do uso da web e de novas tecnologias, dentre as inúmeras mudanças provocadas nos comporta- mentos individuais e nas relações interpesso- ais, também culminou na influência de novas formas de manifestação da sexualidade, por ter se tornado veiculador de material pornográfico. Além disso, pelo fato do espaço vir- tual ter se tornado muito acessado 20 pelo público infanto-juvenil, é crescente o número de usuários da pornografia nessa fai- xa etária. Esse tipo de consumo gera conse- quências em inúmeros aspectos, que abran- gem tanto a esfera individual do usuário, atingindo-o física, emocional e psicologica- mente, como também a esfera social, que in- clui as relações interpessoais e a perpetuação de padrões e opressões observados dentro da sociedade, especialmente entre as mulheres e LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans- sexuais). É a respeito dessa problemática que se pauta o desenvolvimento do presente texto. Os principais consumidores de pornogra- fia e os riscos intrínsecos a essa prática Recentemente, uma pesquisa produ- zida pelo “Quantas Pesquisas e Estudo de Mercado”, encomendada pelo canal “Sexy Hot”, indicaram que só no Brasil há cerca de 22 milhões de pessoas que assumem o consu- mo de pornografia. Esse percentual é preen- chido majoritariamente por homens (76%), jovens (58% têm idade inferior a 35 anos), que declaram estar em um relacionamento sério (69% são casados ou estão namoran- do). Ainda se tratando de dados, o site pornô “Redtube”, em um levantamento de estatís- ticas, divulgou que a maioria de seus usuá- rios brasileiros são jovens entre 18 a 24 anos (43% do total). Numa perspectiva global, a