porcentagem cai para 27%, equiparando-se com
a parcela representada pelos usuários entre 25
a 34 anos. Destaca-se que, como esses estu-
dos não consideram os usuários menores de 18
anos como um grupo de amostragem, não há
informações divulgadas pelos sites e empre-
sas do mercado pornô que indiquem o número
de crianças e adolescentes que têm acesso aos
seus produtos. Todavia, considerando que o pú-
blico infanto-juvenil tem se tornado uma parcela
cada vez mais representativa dentre os usuários
das novas tecnologias e meios de divulgação,
como a televisão e a internet, é possível inferir
que se fossem considerados nas pesquisas se-
riam uma relevante parcela de consumidores.
Há muitos argumentos em defesa da por-
nografia. Dentre eles, o de que a ela é uma ferra-
menta que proporciona o prazer livre e individu-
al, ou ainda para o estímulo sexual com o outro,
ou funcionando em alguns casos como “válvula
de escape”. Apesar disso, muitos especialistas
chamam a atenção para uma série de consequ-
ências negativas intrínsecas a essa prática, po-
dendo se tornar até mesmo um vício. O psicó-
logo e professor da Universidade de Nova York,
Thomas Lickona, afirma que esse vício está
relacionado com a liberação de dopamina, um
neurotransmissor responsável pela liberação de
prazer e motivação, que aumenta significativa-
mente diante de novidades e estímulos sexuais.
Como a pornografia combina esses dois fatores,
por apresentar sempre novas mulheres (ou ho-
mens, ou transsexuais), em diferentes situações e
no contexto sexual, acaba por estimular o cérebro
a liberar grandes quantidades de dopamina, cau-
sando a necessidade cada vez maior desse con-
sumo, tornando-se um vício. Além disso, o uso
excessivo de conteúdo pornô pode desencadear
problemas físicos, como a disfunção erétil, e tam-
bém psicológicos, como a depressão, ansiedade,
estresse
e
fobias
sociais,
pois
começa
a
prejudicar
os
relacionamentos do consumidor do mate-
rial com os outros indivíduos e as intera-
ções dele com o meio em que vive. Espe-
cialmente se tratando de relacionamentos,
usuários frequentes relatam que sentem
dificuldade em se relacionar sexualmente
com parceiras reais, pela impossibilidade de
sentir o mesmo prazer experimentado vir-
tualmente. Conforme Associação America-
na de Pediatras, “a pornografia provoca nos
jovens uma tendência impessoal e egocên-
trica”, devido ao esvaziamento do parceiro
como sujeito e a perda da noção de um rela-
cionamento que é construído com o outro.
A pornografia tem se tornado cada vez mais
comum entre os jovens. Imagem: BBC News.
Além das consequências para os usuários,
a pornografia também está relacionada na
perpetuação de padrões de comportamen-
to social e opressões que afetam especial-
mente as mulheres e os transsexuais, que
são mais comumente representados no ma-
terial pornográfico. Em muitos casos, as
mulheres são caracterizadas como objetos
sexuais desumanizados, ou como bens de
consumo, em situação de dor, humilhação
e submissão, reduzindo a figura femini-
na às partes de seus corpos. A partir desse
pressuposto, pode-se afirmar que essa
prática acaba naturalizando comporta-
mentos sexuais abusivos e degradantes.
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