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Violência obstétrica:
sequelas além do parto
Um mal silenciado em meio a dores gritantes
Por Sara Rodrigues e Lorrayni Maissa
O que é violência obstétrica?
Violência obstétrica é o nome que
se dá a todo e qualquer tipo de violência
praticada contra a mulher no momento
do parto. Os dados da Fundação Perseu
Abramo mostram que 25% das mulhe-
res brasileiras são vítimas dessa violação
no momento do parto ou pré-natal. Esses
dados abrangem atos de desrespeito, as-
sédio moral, violência física ou psicoló-
gica e negligência. Essas práticas acabam
deixando muitas das vítimas com seque-
las e outras nem ao menos sobrevivem.
Além disso, fatores como a dife-
rença racial, o estrato sócio-demográfi-
co, a renda e a escolaridade influenciam
a percepção das usuárias sobre o atendi-
mento ao parto e ao parto em si. Em al-
guns serviços públicos de saúde no Brasil,
onde são atendidas mulheres com baixa
escolaridade e baixa renda, elas são con-
sideradas sem autonomia e sem capaci-
dade de decidir sobre seu corpo no parto.
anestesiada, amarrada na cama, mesmo sob pro-
testos, submetida a episiotomia, separada da fi-
lha, largada por várias horas em uma sala sem o
marido e sem informações. Seu bebê não resistiu
e faleceu por causas obscuras. Ana Paula denun-
ciou o falecimento de sua filha ao Ministério da
Saúde pedindo uma investigação e em paralelo
denunciou a equipe, convênio médico e o hospi-
tal que a atenderam ao CRM de Belo Horizonte.
Diante do silêncio do Conselho, que abriu
uma sindicância em novembro de 2012 e não
forneceu mais informações, a advogada de Ana
Paula, Gabriella Sallit, entrou com uma ação na
justiça. Em seu depoimento, a advogada expli-
ca que não efetuou uma ação contra erro mé-
dico ou pelo fim de uma conduta médica e sim
contra a violência no tratar. A mesma evidencia
ainda, a importância dessa ação de indenização
por dano moral que lida com atos notoriamente
reconhecidos como violência obstétrica (pela pri-
meira vez) e ter respaldo na legislação brasileira.
Quando o termo passou a ser utilizado?
O termo “violência obstétrica” passou a ser
usado no Brasil, após um caso muito explí-
cito de abuso médico. A vítima, Ana Paula,
planejava um parto natural e foi ao hospi-
tal com uma complicação e, sem qualquer
explicação por parte dos profissionais, foi
1:4 é um projeto fotográfico criado por Cala Raiter com
algumas frases traumatizantes e depoimentos de mulhe-
res que passaram por violência obstétrica.
(Fonte: Sentido do Nascer)
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