INTERPRESS (Junho, 2019) | Página 11

saiba mais: CMP A voz dos excluídos O holocausto brasileiro contado por suas vítimas Por Rodrigo Gabriel e Thiago Vinícius O Pavilhão Afonso Pena, com camas de capim onde os pacientes dormiam. Fonte: O Ho- locausto Brasileiro. Esta é apenas uma dentre milhares de “Botava a gente pelado no pátio, e ficávamos pe- lado na cela também, jogavam água na gente e histórias de pessoas que viveram no Colônia, apanhava daqueles enfermeiros também, sabe?” localizado no município de Barbacena, local responsável pelo chamado Holocausto Brasi- O relato de Antônio da Silva, levado leiro. Fundado em 1903, era destinado a mo- com doze anos para o Hospital Colônia em radores da região que apresentassem doenças Barbacena, retrata as marcas e atrocidades co- relacionadas à mente. Este viés foi rapidamen- metidas com os pacientes durante o período te perdido quando as instalações começaram de funcionamento da local. Natural de Belo a ser inundadas com qualquer um que fos- Horizonte, é portador de sofrimento mental e se considerado “socialmente indesejado” na conta que após sair da instituição procurou sua época, como andarilhos, homossexuais, pros- família, porém não encontrou ninguém. “Eu titutas, opositores políticos, entre outros. Es- era filho adotivo, pai Antonio Paulino que me tima-se que cerca de 70% de todos que foram criou desde pequeno, e eu fui lá em Belo Hori- internados no local não haviam sido diagnos- zonte e não encontrei ele mais, mainha morreu ticados com nenhum transtorno psicológico. ainda quando eu era neném, mainha morreu.” 11