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A voz dos excluídos
O holocausto brasileiro contado por suas vítimas
Por Rodrigo Gabriel e Thiago Vinícius
O Pavilhão Afonso Pena, com camas de capim onde os pacientes dormiam. Fonte: O Ho-
locausto Brasileiro.
Esta é apenas uma dentre milhares de
“Botava a gente pelado no pátio, e ficávamos pe-
lado na cela também, jogavam água na gente e histórias de pessoas que viveram no Colônia,
apanhava daqueles enfermeiros também, sabe?” localizado no município de Barbacena, local
responsável pelo chamado Holocausto Brasi-
O relato de Antônio da Silva, levado leiro. Fundado em 1903, era destinado a mo-
com doze anos para o Hospital Colônia em radores da região que apresentassem doenças
Barbacena, retrata as marcas e atrocidades co- relacionadas à mente. Este viés foi rapidamen-
metidas com os pacientes durante o período te perdido quando as instalações começaram
de funcionamento da local. Natural de Belo a ser inundadas com qualquer um que fos-
Horizonte, é portador de sofrimento mental e se considerado “socialmente indesejado” na
conta que após sair da instituição procurou sua época, como andarilhos, homossexuais, pros-
família, porém não encontrou ninguém. “Eu titutas, opositores políticos, entre outros. Es-
era filho adotivo, pai Antonio Paulino que me tima-se que cerca de 70% de todos que foram
criou desde pequeno, e eu fui lá em Belo Hori- internados no local não haviam sido diagnos-
zonte e não encontrei ele mais, mainha morreu ticados com nenhum transtorno psicológico.
ainda quando eu era neném, mainha morreu.”
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