“Da dialética do
passado e presente
saem situações que
determinam as
possibilidades para
o futuro.”
liamhart
Mais de um futuro
Como um designer formula
o seu papel como agente de
mudança e determina um
caminho de ação?
Fazê-lo significa considerar
ambos o passado e o presente,
os quais foram ou são
incorporados em atividades
e artefatos concretos. Da
dialética do passado e
presente saem situações que
determinam as possibilidades
para o futuro. Para se planejar
efetivamente no presente se
requer uma visão de o que
o futuro poderia e deveria
ser. Eu uso tanto a palavra
de condição “podia” quanto
a prescritiva “deveria” para
sugerir, no primeiro caso,
que o futuro é sempre
baseado na contigência
de escolhas humanas e, no
30 lá o design e o espírito humano
segundo, para afirmar que
essas escolhas precisam ser
dirigidas por uma consideração
de o que deve ser feito.
Eu também faria uma distinção
entre cenários futuros
previsíveis e prescritivos. Um
cenário previsível é baseado
no que poderia acontecer.
Suas metodologias envolvem
a obtenção de dados e a
organização dos mesmos
em padrões que façam que
as reflexões sobre possíveis
futuros sejam mais plausíveis.
Criadores de cenários
previsíveis reconhecem que
os eventos ou atividades
que eles estudam são
complexos demais para serem
controlados por decreto.
Um dos poucos designer
que pensava sobre o futuro
era William Morris, uma
figura prótea do século
dezenove, que publicou o
romance utópico, “News from
Nowhere”, em 1891. Mas a
visão de Morris do futuro foi
uma recriação do passado.
Ele mantinha uma polêmica
forte contra os valores de
preservação da sua época;
deste modo o passado rural
oferecia uma paisagem
mais hospitaleira para uma
sociedade utópica do que o
presente problemático. Eu
concordo com a preocupação
de Morris por valores
humanos, mas sua escolha
de uma configuração antiga
para uma comunidade futura
absolveu ele de negociar com
a dura realidade da Revolução
Industrial. Ainda assim seu
interesse no futuro era quase
único entre os designers de
seu tempo. Hoje, o processo
de mudança acelerado pede
que os designers interajam
com o futuro de um jeito mais
direto se eles vão ter um lugar
em seu esculpimento. Esse
é um processo complicado
para o qual os designers
profissionais não foram bem
preparados. Assim, pode
ajudar rever alguns métodos
que outros usaram para pensar
sobre o futuro e ver se eles
tem alguma relevância para
os designers. Ao passo que as
tentativas de saber o futuro
eram baseadas em adivinhação
ou previsão especulativa,
o campo de estudos do
futuro emergiu depois da II
Guerra Mundial como uma
tentativa de aplicar técnicas
de modelagem sofisticadas a
crianção de cenário futuros.