Hatari! Revista de Cinema #06 Cinema Nórdico | Page 6

Se fizéssemos uma pesquisa entre cinéfilos no estilo top of mind sobre os representantes do cinema de cada país, não tenho dúvidas de que o nome de Ingmar Bergman viria em primeiro na Suécia. Ainda quando adolescente, e sem a menor base teórica de estudos de cinema, já se apresentava essa obrigação de ver filmes de Bergman, assim como de Kubrick, Tarkovsky, Fellini... Esses nomes recém-descobertos que me instigavam a curiosidade. VICTOR SJÖSTRÖM, PIONEIRO DO cinema por Andrei Bueno E foi através de Bergman que cheguei em Victor Sjöström, diretor de A Carruagem Fantasma, filme mudo de 1921, que ali na ses- são de curiosidades do mais famo- so diretor sueco aparecia como seu filme favorito. Depois, descobri que o senhor protagonista de Morangos Silvestres (Bergman, 1957) era o pró- prio Sjöström. Então, quem seria este homem tão influente sobre um dos membros do panteão cinemato- gráfico? Victor Sjöström é um tam- bém sueco realizador de filmes des- de 1912. O que falarei dele baseia-se em alguns de seus filmes produzidos na Suécia que me mostraram ser ele mesmo um membro deste panteão. T erje V igen (1917) A história acompanha o personagem título do filme, um ma- rinheiro que sai em busca de alimen- tos para sua esposa e filha durante a guerra, é preso e quando retorna anos depois, descobre a morte de ambas. Amargurado, tem a oportu- nidade de se vingar dos responsáveis 12 por sua prisão – e de sua família por consequência – mas se redime. Terje Vigen é apontado como um marco na internacionalização do cinema sueco e uma guinada estética que aproveita as paisagens como força motriz das composições visuais. Um filme onde a imagem flutua com o balanço do mar, nos indicando aquele mesmo impulso de Grifith em abandonar o “teatro filmado” e se colocar no centro da ação. Mas, se com o diretor america- no destaca-se o domínio de decupa- gem e montagem, Sjöström impres- siona mesmo (talvez por também ser ator) por sua compreen- são do quadro cinematográfico e sua capacida- de de dinamizá- -lo com a ence- nação. A janela da casa de Terje, por exemplo, é usada para esta- belecer relações entre ambiente ex- terno e interno dentro de um único plano e antecipar entradas, como na cena filmada de dentro em que vemos rapidamente alguns amigos do lado de fora, logo em seguida estes entram e figuram em desta- que. Há também uma ampla explo- ração da profundidade de campo em longas extensões de tempo e espaço, efeito marcante no plano em que a mulher se despede do marido. Enquanto ela acena continuamente