Hatari! Revista de Cinema #04 Cinema Brasileiro Anos 80 | Page 48
maior parte dos musicais – ambos com carga dos EUA fortíssima. Então
se se tem um fi nal non-sense na peça, em que todos cantam ópera, o outro
é tanto quanto pelo fato do malandro conseguir se casar com a fi lha de
seu nêmeses e herdar todo dinheiro e bens dele.
Pós ampla comparação de ambas as obras, percebe-se o melhor refi -
namento da obra na peça. Isso porque podemos considerar que o fi lme é
feito de momentos, afi rmação essa muito pertinente, demonstrada pelos
números musicais bem realizados e com canções que agradam o público
de um modo geral não tendo, no entanto, valor narrativo. Um exemplo
desses números é o número da batalha da mesa de sinuca com a música
“Desafi o de Malandro”.
Podemos classifi car o fi lme dessa maneira: no 1º ato – um pouco mais
da meia hora inicial de fi lme – temos as apresentações dos personagens
e as ligações que um tem com o outro; no 2º - a hora seguinte – temos o
plot em si, contando a história do envolvimento de Max com Ludmila,
os quais terminam em um casamento frustrado; o 3º - últimos 15 minutos
de fi lme – seria para a realização do que antes deu errado, o casamento.
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Tendo isso em mente, percebe-se que nem todas as cenas e persona-
gens possuem importância para narrativa. Inicialmente, no 1º ato, há a
tentativa de mostrar Max como um malandro em cenas como a do cine-
ma e da lavanderia, que não precisam existir, uma vez que a personagem
poderia ter sido melhor trabalhada em suas ações em cenas de maior
importância narrativa. Se avança e inicia o 2º ato com o plot da aposta
na mesa de sinuca, endividando Max que perdeu e está sem dinheiro.
Daí se tem dois personagens que levam esse plot, Sátiro e Margot, um
que cria o problema e a outra, soluciona, ou seja, ambos desnecessários,
uma vez que esse plot não acrescenta em nada à narrativa. Outras cenas