Hatari! Revista de Cinema #04 Cinema Brasileiro Anos 80 | Page 49

desnecessárias de Margot são o retorno dela com Tigrão – que irá gerar um 3º ato ruim – e seu número musical, ao qual Max assiste no cinema, mesmo ele sendo ótimo no aspecto metafórico para o contexto da época. Por fi m, o último ato se perde na questão da paixão de Max e Margot, a qual fi ca hesitante em relação a partir com ele ou fi car, tornando o fi lme cansativo e monótono. Em contrapartida, o cenário é espetacular, grandioso, com certa falsi- dade, lembrando o teatro e, também, os antigos musicais megalomanía- cos da década de 40, também com muitos neons azulados e vermelhos, dando ao fi lme um aspecto bem dos anos 80. Por fi m, temos a possibilidade de uma leitura da obra que represen- ta o grande embate nacionalidade x “estadunização”. Enquanto na peça não há esperanças para o pobre malandro, em decadência e fraco em 78, como o país que ele representa nesse período, somente seguindo as ordens de Teresinha, no fi lme em 85 o malandro consegue superar sua miséria e fracasso unindo-se a ela – representante dos EUA – a qual ele, como o Brasil, era manipulado, para conseguir continuar forte e sobrevi- ver para o futuro. 49