Hatari! Revista de Cinema #04 Cinema Brasileiro Anos 80 | Page 46

apaixonada por ele e querer se casar. O pai dela, Duran / Strudel, fica furioso e procura de todo modo acabar com isso, planejando inclusive matá-lo.
Alicerçados nessas bases, a história e estilo dos personagens se alteram. Inicialmente, é necessário falar de alguns personagens específicos como Lúcia / Margot, as quais, embora a relação com Tigrão fosse diferente – filha / ex-mulher respectivamente, têm a mesma importância nula em ambas as obras. Nelas, as personagens foram encarnadas por Elba Ramalho, o que faz parecer que o papel existe somente para ela cantar e ter números musicais.
No filme, outra personagem desnecessária é Genival, o qual só conta a Max sobre Ludmila, nem cantando sua música completa – Geni e o Zepelim. Contudo, na peça esta personagem apresenta importância para a narrativa, sendo, além do elemento que faz a história continuar ao contar onde Max se esconde, acrescenta a crítica sobre“ estadunização”, vendendo sempre produtos advindos diretamente dos EUA para Duran e sua mulher – que consideravam estes produtos muito melhores e mais chiques que os nacionais, ou se surpreendendo com eles por não existirem aqui.
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Já Chaves / Tigrão, diferentemente dos personagens antes citados, possui importância nas duas obras. A diferença dos dois, no entanto, é o grau de amizade com Max, sendo no teatro ela forte, enquanto no cinema é algo mais gasto, inclusive pela presença de Margot. Mas isso explica-se pelo contexto histórico, pois em 1978, início da abertura política, Chico Buarque não poderia fazer críticas tão duras ou colocar o representante da justiça de forma negativa e pejorativa – como o faz no filme-, então coloca-o como grande amigo de Max, uma analogia aos laços ainda for-