GERALDOPOST 2019 Junho. | Page 8

Da favela do Jacarezinho para a lista dos 10 mais influentes da Revista Time. Como enxerga a sua trajetória até aqui?

David: Uma trajetória de dificuldades, mas também de muita luta e esperança. Nasci na favela do Jacarezinho, não conheci meu pai, minha mãe morreu quando eu tinha cinco anos, e, na adolescência, trabalhei como engraxate, faxineiro, caixa de comércio. Me interessei por leitura nessa época, lia alguns livros emprestados por um camelô que vendia livros no Centro do Rio. Depois de conhecer meu marido Glenn Greenwald, jornalista americano, o ajudei a publicar as matérias sobre a espionagem americana no mundo, denunciadas por Eduardo Snowden, ex-agente da CIA. Por ter informações sobre essas espionagens, fui detido em Londres, o que gerou solidariedade em várias partes do mundo. A partir daí, passei a trabalhar com as questões de Direitos Humanos, liberdade de expressão e direito do cidadão à privacidade. Tornei-me candidato a vereador pelo PSOL em 2016 e assumi uma cadeira na Câmara Municipal em 2017, quando atuei em defesa da comunidade LGBT, da igualdade, da negritude, da justiça social, da juventude, dos trabalhadores, funcionários públicos.

David e a família no dia da Posse na Câmara dos Deputados (Foto: Mídia Ninja)

David Miranda, Glenn e seus filhos: João Vítor e Jonathan, irmão consanguíneos que foram adotados pelo casal em 2017

expressão e direito do cidadão à privacidade. Tornei-me candidato a vereador pelo PSOL em 2016 e assumi uma cadeira na Câmara Municipal em 2017, quando atuei em defesa da comunidade LGBT, da igualdade, da negritude, da justiça social, da juventude, dos trabalhadores, funcionários públicos.

O Brasil passa por um momento crítico, de corrupção, divisão política e extremismo. Como seduzir os jovens para a renovação da política que o Brasil tanto precisa?

David: O maior problema do Brasil hoje é o ataque à democracia e aos Direitos Humanos e o projeto e econômico deste governo, que atinge mais diretamente a população pobre. A crise econômica se configura pelo desemprego, marginalização social, exclusão e caos ambiental. O retrocesso social já faz efeito na comunidade LGBTI+. Relatórios de instituições ligadas aos Direitos Humanos revelam que, em 2018, foram mortas no Brasil 420 pessoas LGBTIs.