Nos últimos anos, o ódio e a violência direcionados a essa parcela da sociedade vêm em um crescente que não se pode mais esperar para reverter tamanho retrocesso.
420 pessoas LGBTIs. Todas vítimas de crimes baseados na orientação sexual ou identidade de gênero. São dados alarmantes. Quanto à corrupção, esperamos que seja combatida de forma séria e continuada. O que posso dizer diante dessa conjuntura tão caótica é que os problemas do país só podem ser resolvidos com mais democracia econômica e social, que inclui o respeito à diversidade. Há jovens se organizando pelo país, realizando palestras e debates, discutindo sobre a importância de um Brasil mais democrático, com igualdade e respeito à diversidade. Eu acredito nessa rapaziada.
Você assumiu a cadeira de deputado, após a renúncia de Jean Wyllys, e hoje você faz a mesma oposição que ele. Como tem enfrentado a velha e homofóbica política? Você já recebeu ameaças de morte?
David: Nós LGBTIs somos resistentes a comportamentos hostis. No entanto, é muito importante repetir que não aceitamos mais a rejeição, por isso, exigimos a todo instante o respeito à diversidade sexual e de gênero e aos valores essenciais às relações humanas. Os que atacaram Jean Wyllys, companheiro de partido e combativo deputado federal, inclusive com ameaças de morte, levando-o a renunciar ao cargo, não imaginavam que quem assumiria a sua vaga seria outro de nós: sou LGBTI, negro e nascido numa favela. Recebi ameaças de morte virtuais assim que assumi o cargo em Brasília e pedi ao presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia, agilidade nas investigações. Questionei declarações com demonstrações de homofobia do Jair Bolsonaro. Mas o que mais me impressiona não são as manifestações homofóbicas da velha política, mas aquelas vindas de jovens que estão estreando na política, assim como a onda crescente homofóbica de jovens na sociedade brasileira como um todo.
cargo em Brasília e pedi ao presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia, agilidade nas investigações. Questionei declarações com demonstrações de homofobia do Jair Bolsonaro. Mas o que mais me impressiona não são as manifestações homofóbicas da velha política, mas aquelas vindas de jovens que estão estreando na política, assim como a onda crescente homofóbica de jovens na sociedade brasileira como um todo.
O Brasil é o país que mais mata LGBT no mundo, é uma morte a cada 23 horas (contabilizando até hoje 20 de maio) em 2019. No STF, está em votação a criminalização da homofobia, qual a sua avaliação?
David: Apresentei recentemente na Câmara Federal, um projeto de lei criando medidas protetivas para LGBTIs semelhantes às da Lei Maria da Penha.
O projeto de lei 2653/19 prevê, por exemplo, que ao se constatar a prática de violência, a autoridade policial deverá imediatamente garantir proteção à pessoa ofendida e fornecer transporte a abrigo quando houver risco de vida. O agressor poderá ser impedido de aproximar-se da pessoa e de seus familiares de acordo com uma distância estabelecida.
O projeto de lei também determina a ampliação de ações educativas, que para mim são as mais eficazes. Essas ações visam combater os preconceitos por meio de campanhas de conscientização e de debates com vários setores da sociedade e propõe a criação de programas e treinamento de agentes públicos com a perspectiva de eliminar comportamentos discriminatórios. Acredito que a Educação é a melhor maneira que a sociedade tem para coletivamente superar preconceitos arraigados como é o caso da LGBTI-Fobia. E também acredito que seja papel do Legislativo criar novas leis. Entretanto é importante a decisão que está sendo tomada pelo STF, no sentido de que é um avanço civilizatório condenarmos essas práticas. Tendo em vista a morosidade do Congresso em dar uma resposta a essa questão, o Judiciário foi acionado a fim de cumpri esse papel. Nos últimos anos, o ódio e a violência direcionados a essa parcela da sociedade vêm em um crescente que não se pode mais esperar para reverter tamanho retrocesso. Mas a decisão da Justiça não tira a responsabilidade do Congresso Nacional em debater e criar leis sobre esse tema.
deverá imediatamente garantir proteção à pessoa ofendida e fornecer transporte a abrigo quando houver risco de vida. O agressor poderá ser impedido de aproximar-se da pessoa e de seus familiares de acordo com uma distância estabelecida.
O projeto de lei também determina a ampliação de ações educativas, que para mim são as mais eficazes. Essas ações visam combater os preconceitos por meio de campanhas de conscientização e de debates com vários setores da sociedade e propõe a criação de programas e treinamento de agentes públicos com a perspectiva de eliminar comportamentos discriminatórios. Acredito que a Educação é a melhor maneira que a sociedade tem para coletivamente superar preconceitos arraigados como é o caso da LGBTI-Fobia. E também acredito que seja papel do Legislativo criar novas leis. Entretanto é importante a decisão que está sendo tomada pelo STF, no sentido de que é um avanço civilizatório conde-narmos essas práticas. Tendo em vista a morosidade do Congresso em dar uma resposta a essa questão, o Judiciário foi acionado a fim de cumpri esse papel. Nos últimos anos, o ódio e a violência direcionados a essa parcela da sociedade vêm em um crescente que não se pode mais esperar para reverter tamanho retrocesso. Mas a decisão da Justiça não tira a responsabilidade do Congresso Nacional em debater e criar leis sobre esse tema.