mort !» Conjugadas , as duas expressões de modernidade – a musical , de Augusto Machado e a literária , de Eça de Queirós e Batalha Reis – deram o mote para um novo projeto de arte , a que não deve ter sido alheio o fascínio de Eça pelas personagens demoníacas . Mas também pelo seu encanto pela música , patente nos temas tratados – por vezes apenas nos títulos dos folhetins : « Sinfonia de Abertura », « O Macbeth », sobre a ópera de Verdi , « A ladainha da dor », sobre o Fausto de Gounod e a sua personagem « Mefistófeles » ( interpretada por J . Petit ), enquanto figura dissonante do Satã de « O Senhor Diabo ».
Em A Morte do Diabo , tal como nos textos de Prosas Bárbaras , o senhor dos Infernos é humanizado , com sentimentos e desejos que a sua condição de imortal não satisfazem nem afastam de imediato e por vontade própria , como seria de supor numa personagem metafísica e poderosa .
Eça não esqueceria a tentativa da opereta e , n ' Os Maias referirá o poeta detestado por Tomás de Alencar , Simão Craveiro « o homem da “ Ideia Nova ”, o paladino do Realismo » ( QUEIRÓS , 1970 : 90 ) de quem Ega declama com entusiasmo uma estrofe do poema « A morte de Satanás »: E entre duas costeletas , no decote / Tinha um bouquet de rosas ! tão semelhante ao poema fradiquista « Tu serás esqueleto e podridão …» Craveiro voltará ainda a surgir no conto « José Matias », preparando os poemas « Ironias » e « Dores de Satã », « acirrando brigas entre a Escola Purista e a Escola Satânica .» ( QUEIRÓS , 2009 : 363 ). Com maior reserva , mas sem omitir , Batalha Reis , no mesmo volume de homenagem , na descrição das longas discussões filosóficas nocturnas , agora já com Antero envolvido :
Em 1867 e 1868 os teatros do Príncipe Real e da Trindade levaram à cena , com grande êxito popular , as primeiras representações em Portugal de operetas de Jacques Offenbach e os três – Batalha , Eça e Machado , devem ter encontrado na fórmula um veículo de transmissão das suas ideias musicais e literárias . Nascia um projeto ocultado por todos eles , como por embaraço de extravagância juvenil , mas subliminarmente referido por Eça , quando no In Memoriam de Antero recorda a chegada do antigo companheiro de Coimbra ao Cenáculo : « Sob a influência de Antero logo dois de nós , que
- Porque não poder entrever , ao menos , a andávamos a compor uma Opera-buffa , contendo
Teoria do Universo … um novo sistema do Universo , abandonámos essa obra de escandaloso delírio – e começámos à noite
- Entremos contentes na realidade burguesa … a estudar Proudhon (...)» ( QUEIRÓS , 2011 : 306 ) 45