Explora Web Magazine Volume VIII | Page 9

tão árdua e admirável. Só “pegando carona nessa barca” pude descrever sucintamente como se procede a faina de pesca no litoral potiguar. Tudo começa num porto que pode ser um rio ou enseada, dependendo da localidade. A estadia no mar leva de 8 a 10 dias numa embarcação do tipo “lagosteira”, com comprimento de casco que varia de 8 metros de comprimento até embarcações acima de 12 metros. Os covos (armadilhas feitas de telas) são iscados com sacos contendo cabeça de camarão e no final da tarde são lançados aproximadamente 15 espinhéis (longas linhas de pesca) de covos, cada um com 10 armadilhas, de modo que elas fiquem parte da tarde e a noite no mar. Podem ser feitas uma ou duas despescas por dia. A profundidade em que é realizada a pescaria varia de acordo com as condições de vento: quanto mais brando, maior a profundidade explorada, e consequentemente maior produtividade e maiores peixes capturados. As profundidades variam de 30 a 60 metros, aproximadamente. Observamos que o descarte é de aproximadamente 50% da biomassa dos peixes capturados. Contudo, pesquisas são necessárias Iscas de cabeça de camarão usadas nos covos para verificar com mais precisão a quantidade de peixes descartados. Segundo os pescadores, a quantidade de peixes descartados aumenta durante as pescarias executadas em menores profundidades, ou seja, em épocas de muito vento. Em menores profundidades são capturados uma maior quantidade de peixes que não possuem valor comercial. Observamos que a maior parte do descarte é composta por espécies da família Haemulidae, provavelmente por que estas são Pescadores lançando os covos Explora Web Magazine 9