tão árdua e admirável. Só “pegando carona nessa
barca” pude descrever sucintamente como se
procede a faina de pesca no litoral potiguar.
Tudo começa num porto que pode ser um
rio ou enseada, dependendo da localidade. A
estadia no mar leva de 8 a 10 dias numa embarcação
do tipo “lagosteira”, com comprimento de casco
que varia de 8 metros de comprimento até
embarcações acima de 12 metros. Os covos
(armadilhas feitas de telas) são iscados com sacos
contendo cabeça de camarão e no final da tarde são
lançados aproximadamente 15 espinhéis (longas
linhas de pesca) de covos, cada um com 10
armadilhas, de modo que elas fiquem parte da tarde
e a noite no mar. Podem ser feitas uma ou duas
despescas por dia. A profundidade em que é
realizada a pescaria varia de acordo com as
condições de vento: quanto mais brando, maior a
profundidade explorada, e consequentemente
maior produtividade e maiores peixes capturados.
As profundidades variam de 30 a 60 metros,
aproximadamente. Observamos que o descarte é de
aproximadamente 50% da biomassa dos peixes
capturados. Contudo, pesquisas são necessárias
Iscas de cabeça de
camarão usadas nos covos
para verificar com mais precisão a quantidade de
peixes descartados. Segundo os pescadores, a
quantidade de peixes descartados aumenta durante
as pescarias executadas em menores
profundidades, ou seja, em épocas de muito vento.
Em menores profundidades são capturados uma
maior quantidade de peixes que não possuem valor
comercial. Observamos que a maior parte do
descarte é composta por espécies da família
Haemulidae, provavelmente por que estas são
Pescadores
lançando os covos
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