Explora Web Magazine Volume VIII | Page 8

A pesca de peixes recifais no Rio Grande do Norte: o próximo alvo da pesca semi-artesanal? H istoricamente a pesca tem sido direcionada a uma ou poucas espécies de peixes por vez, as quais são intensamente exploradas. Quando o estoque destas espécies é reduzido a níveis economicamente inviáveis, outras espécies passam a ser exploradas. No Nordeste brasileiro, algumas embarcações lagosteiras praticam a pesca de peixes recifais com covos durante o período de defeso da lagosta, enquanto outras dedicam todo o ano a essa pescaria. Esses pescadores têm um bom motivo para isso: satisfazer a demanda de um mercado externo já consolidado, principalmente norte americano. Inicialmente, em Pernambuco, a pescaria tinha como principal alvo duas espécies de saramunetes (peixes da família Mullidae), com o declínio de suas abundâncias no litoral do Rio Grande do Norte, as espécies mais capturadas passaram a ser os vermelhos (36,77%), budiões (21,06%), pequenas garoupas (20,57%), Páginas Verdes por Frederico Osório saramunetes (12,73%) e cirurgiões (8,64%). Nos anos de 1996 a 2008 foram capturadas e exportadas 3335,49 toneladas de peixes recifais pescados com covos no Rio Grande do Norte. Estas espécies levam muito tempo para se reproduzir, geram poucos descendentes e tem grande importância na manutenção dos recifes de coral. Ao mesmo tempo, não há uma legislação que controle a atividade, gerando um grande problema para a conservação destas espécies. Contudo, nada melhor do que tirar a vista dos livros e artigos científicos e mirar os seus olhos na realidade, sentir o balanço do barco, os respingos e o barulho das vagas que colidem com a navegação, o cheiro do óleo diesel, dormir num beliche desconfortável, cozinhar na popa da embarcação durante a época de mar agitado, conversar com os pescadores, enxergar o seu cansaço e conhecer um pouco das suas histórias de vida, tentando interpretar o que levou cada um a escolher,