As Gerais sobre
duas rodas
D
ar a volta ao mundo em um veleiro, fazer uma
viagem de bicicleta... Doces sonhos! É como se
resgatássemos nossa liberdade pueril... É voltar a
brincar, encontrar a felicidade nas coisas simples da
vida, como ver o sol nascer, se refrescar em uma
cachoeira inesperada que surge no caminho.
O cicloturismo, termo cunhado para definir
a forma de turismo que consiste em viajar
utilizando a bicicleta como meio de transporte, vem
ganhando espaço e adeptos no Brasil nos últimos
anos. Mas viajar de bicicleta é muito mais do que
“turistar”, é, literalmente, sentir cada quilômetro
rodado. É conhecer o caminho que nos separa do
destino final e vivenciá-lo com todos os sentidos. É
sentir as irregularidades do terreno, o sol na cabeça,
o cheiro que muda. É apreciar as paisagens, hora
mais urbanas, hora mais rurais. É buscar a
tranquilidade no meio do caos dos carros e
caminhões e sentir-se pequeno no meio dos sons da
floresta.
Alguns circuitos estão bem estruturados,
como, por exemplo, a Estrada Real (ER), que liga
Minas Gerais ao mar, o Vale Europeu em Santa
Catarina e a Rota do Descobrimento na Bahia. Cada
um com suas peculiaridades, cultura e charme. E
queríamos fazer todos! Mas tínhamos que começar
por um. Após sonhar com a brisa do mar, a sombra e
uma água de coco geladinha da Bahia, um
oceanógrafo e uma bióloga resolveram voltar seus
Longe de casa
por Marina Sissini
& Lucas Cabral
olhares para a terra, para “os mares de morros de
Minas Gerais”.
A história da Estrada Real
Durante os séculos XVII e XVIII, esse
caminho era utilizado para escoar as riquezas de
Minas para os portos de Paraty e depois Rio de
Janeiro, de onde seriam enviadas, então, a Portugal.
Na verdade, existam inúmeros caminhos, mas a
coroa portuguesa, com o intuito de combater o
contrabando e facilitar a fiscalização, criou um
caminho oficial, chamado de Estrada Real.
Inicialmente, o caminho ia da antiga Vila Rica (hoje
Ouro Preto) até Paraty (Caminho Velho), mais tarde
foi criada uma rota mais rápida e segura que
terminava na cidade do Rio de Janeiro (Caminho
Novo). Com a ascensão do diamante, foi necessário
ligar também a cidade de Diamantina, sendo este
então conhecido como o Caminho dos Diamantes.
Atualmente, o instituto Estrada Real é o
responsável por fomentar e gerenciar o projeto
turístico. Nossa viagem foi baseada nas planilhas
disponíveis no site www.estradareal.tur.br e o
caminho pode ser percorrido de carro, moto,
cavalo, bicicleta ou a pé, dependendo do gosto de
cada um.
As bicicletas eram as
protagonistas da aventura
E x p l o r a W e b M a g a z i n e 23