O dia-a-dia em casa
O dia-a-dia em casa se limitava à primeira
hora após o despertar, quando degustávamos o café
da manhã, e a noite. Nossas noites eram regadas a
boas doses de conversas entre amigos (Pollyanna,
Robério e eu), músicas e reflexões do que estávamos
vivendo. Sábado à noite costumávamos preparar
uma bela pizza caseira acompanhada de uma
sessão de cinema, enquanto em noites de lua cheia
íamos a um mirante contemplar o espetáculo do
luar. Tudo isso em uma pequena casa encravada no
meio da Floresta Atlântica, o que nos dava a
sensação de sermos privilegiados.
Outros pesquisadores, fotógrafos, viajantes
e amantes da natureza de várias partes do planeta
apareciam de vez em quando e se hospedavam
conosco por alguns dias. Isso realmente era bom,
pois fazíamos novas amizades e recebíamos
novidades trazidas de fora. Além disso, fizemos
vínculos verdadeiros com os antigos moradores da
região, aqueles que nasceram e cresceram na
floresta, e não ficaram ali por “apenas” 14 meses.
O que aprendi com isso?
Foram “dias de chuva e dias de sol” durante
os 14 meses imerso na natureza, longe de amigos e
da família, porém foram dias com propósitos bem
definidos – contribuir para conservação da
natureza e ter uma oportunidade de autoconhecimento. Digo que finalizei minha vivência
na floresta com a genuína sensação de estar fazendo
a minha parte em prol da natureza, em específico,
para a conservação do maior primata das Américas
– o muriqui.
Eu sei que essa foi uma vivência desafiadora
devido ao fato de estar relativamente isolado,
passar horas sozinho em diferentes partes da
floresta e por sentir saudades de muitas pessoas.
Mas, a partir dessa vivência, pude manter uma
distância dos atropelos da vida na cidade gr