Entrecontos Agosto/18 - Número 001 entrecontos agosto 2018 numero 1 | Page 16

dizer quem é você. — A mulher con nuava sem dizer nenhuma palavra, seus olhos iam de um lado a outro, estava assustada e não sabia o que fazer, eis que Deuclécio olhou para trás, de repente poderiam haver mais mulher como elas, mas as águas do grande rio estavam calmas. — Que homem lhe mandou roubar em seu lugar? — Nenhum homem mandou-me. — Respondeu a mulher e sua voz ressoou nos ouvidos do homem como uma bela canção. — Estou com fome e só queria comer. — E quem é você? — Perguntou o homem com os olhos brilhando pela visão tão bela que havia em sua frente. — Porque a minha plantação? — É a mais próxima de minha casa e gosto muito delas. Nenhuma outra é tão suculenta quanto essas. Mas... — Ela se aproximou com seu corpo perfeito e nu. — Prometo jamais roubá-las se o senhor deixar-me ir. Deuclécio olhou para a mulher mais uma vez e sen u algo batendo em seu peito. Seu corpo pedia aquela mulher e seus lábios poderiam suplicar pelo seu beijo, seus cabelos estavam descansados sobre os ombros e alguns fios lhe cobriam os mamilos claros e firmes. Naquele momento, Deuclécio percebeu q u e e s t a v a perdidamente apaixonado pela mulher e que não a deixaria par r. — Roubou muitas de minhas frutas, mulher. Não sairá de minha fazenda e casará comigo e viveremos para sempre juntos. A mulher suspirou profundamente, fechou os olhos e em seguida, disse: — Me casarei com você como deseja, mas jamais poderá falar mal da água. E isso deve me prometer. — Prometo, mulher, venha comigo para minha casa. A mulher o seguiu e cumpriu com sua palavra, e Deuclécio experimentou novamente a prosperidade em seu lar, de uma forma que não conseguia compreender, sua plantação começou a crescer mais e mais e aos poucos pode ter dinheiro para comprar as cabeças de gado que um dia vendera para sobreviver. A vida não poderia ser mais justa com aquele homem, nha uma bela e maravilhosa mulher, que lhe dera filhos lindos e cada vez mais sua fazenda progredia, voltou a ser um grande senhor de terras e todos vinham e lhe pediam conselhos sobre o que fazer próximo da falência total. E enquanto Deuclécio gozava de tanta importância, não percebera que sua mulher cada vez parecia mais triste e arrependida, deixara de lhe dar atenção e amor o que resultara em seu desleixo. Certa vez, quando voltava da cidade, Deuclécio encontrara sua casa em grande bagunça, o gado estava pastando livre a noite, alguns patos estavam nadando no grande rio e seus filhos estavam brincando na terra próximo do curral dos porcos. Aquela visão lhe deixou revoltado e entrou na casa procurando pela sua mulher que estava sentada na sala de cabeça baixa. — Está casa esta uma bagunça, mulher! — Esbravejou Deuclécio, a voz distorcida pelo álcool que ingerira com os amigos na cidade. — O que você fez o dia inteiro? — Como você pode ver... — Respondeu a mulher sem fitá-lo. — Fiz nada o dia inteiro, passei a maior parte do tempo aqui, sentada, quer dizer, fiquei um pouco lá fora olhando o rio também. Deuclécio passou as mãos no cabelo, acendeu um cigarro e após uma longa tragada olhou para a mulher que con nuava imparcial na cadeira de balanço, ele encostou- se no batente da porta e disse seriamente. — Quando a vi pela primeira vez na plantação, fiquei encantado, mas por ser uma ladra achava que era uma filha da água suja... — A mulher pela primeira vez ergueu a cabeça, ele con nuou. — Mas agora tenho certeza, você só pode ter vindo da água suja. No mesmo momento, Deuclécio lembrou-se de sua promessa, e percebeu que havia quebrado, ele tentou falar com a mulher, mas ela estava rando toda sua roupa e mostrando toda a exuberância que o tempo não fora capaz de rar. — Você quebrou sua promessa e agora irei voltar para meu verdadeiro lar. Adeus. — Você não pode ir embora! — Disse Deuclécio quase suplicante. — Preciso... Não pode embora você me deve! Mas a mulher não lhe dava atenção, con nuou caminhando com seu corpo desprovido de roupa para o rio, seus filhos ficaram olhando, os olhos cheios de lágrimas, os 16