Entrecontos Agosto/18 - Número 001 entrecontos agosto 2018 numero 1 | Page 15

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CONTO de adriano villa a

IARA

Um grande rio cortava a fazenda de Deuclécio, que um dia fora tão bela quanto tudo que exis a à sua volta. Haviam muitas árvores, os campos eram verdejantes ao seu redor e os pássaros viviam cantando em suas redondezas, entretanto, a fazenda de seu Deuclécio estava caindo em ruínas. Fora um homem muito rico no passado, mas com a es agem e com a praga dos animais, viu tudo que possuía definhando lentamente, tudo que lhe sobrara fora sua plantação de melancias que ladeava o grande rio.

Certa vez, caminhando pela plantação, Deuclécio deu falta de algumas frutas e começou a manter guarda para pegar o ladrão que levava sua única fonte de dinheiro. Foram longos dias esperando, escondido entre os arbustos da margem, mas ninguém apareceu, e todos os dias pela manhã, uma delas sumiam e, foi quando percebeu que todas que haviam sumido estavam próximas da margem do grande rio, então Deuclécio imaginou que o ladrão usava o rio para levar suas frutas e, para não ser visto, sempre à noite. Mas naquela noite, iria surpreendê-lo.
A lua estava cheia e iluminava o céu escuro, muitas estrelas cin lavam no céu como imensos e distantes vagalumes. Deuclécio, não sabia se admirava as estrelas no céu ou se apreciava seu brilho sendo distorcido pelas águas calmas do rio. Já não se lembrava de como era bela a natureza, sempre submerso em sua pobreza e nas lembranças de dias de prosperidade que se foram quando todas as desgraças par ram e lhe deixaram apenas... Aquela plantação e algumas peças de roupa que mais pareciam com um pano de chão.
Deuclécio suspirou profundamente e lembrou-se das vezes que sentava nas margens daquele rio para ficar olhando seu gado pastando, os patos nadando num lago feito e cercado por ele, as galinhas pastavam e os cães dormiam sempre aos seus pés. Sempre fora solteiro, tentara algumas vezes, mas as mulheres estavam somente interessadas em suas terras e em seu dinheiro e, tudo acabou quando ele par u para longe. E agora, ali estava ele, zelando por algumas melancias que significavam alguns trocados.
Subitamente, ele ouviu um barulho vindo do rio, como se alguém remasse silenciosamente, Deuclécio sorriu, se encolheu atrás do arbusto e ficou olhando por uma fresta nas folhas para a margem até que, seus olhos se depararam com algo que não estava esperava.
Primeiramente surgiu uma cabeça de dentro das águas, longos cabelos, estava escuro para ver de qual cor eram, Deuclécio pensou em pular e assustar o ladrão, mas algo dentro de si dizia para esperar. A cabeça olhou para todos os lados e começou a caminhar para a margem, logo surgiu os ombros, os seios e em seguida surgiu o sexo, era uma mulher. Ela caminhou lentamente até a margem e Deuclécio estava completamente sem ação, o brilho do luar reluzia na pele molhada daquele ser, seus olhos estavam presos nas curvas daquela bela mulher, então ela se abaixou diante de sua plantação e agarrou uma de suas melancias, mas quando estava preste a se virar e voltar para as águas, Deuclécio correu e ficou entre a mulher e as águas.
Era mais bela de perto do que de longe, seus olhos eram profundamente azuis, e seus cabelos eram longos e encaracolados, seu corpo era tão belo e tão perfeito que faziam os olhos do simplório fazendeiro ficar indo do alto à baixo. Não nha palavras. A mulher também estava assustada, não esperava ser surpreendida por ninguém.
— Por que rouba minhas frutas, mulher?— Balbuciou Deuclécio sem saber o que dizer realmente.— Quem é você?
A mulher não respondeu, deu um passo atrás e Deuclécio deu um passo a frente.
— Não poderá fugir de mim, mulher. Não sem antes