Edição Concessionárias nº570 OE_571_final | Page 20

E n e r g i a comportas em tempo hábil, exigiu-se o uso de menos módulos em cada comporta, passando de nove para seis – com os módulos en- caixados um sobre o outro. A utilização de menos módulo, porém, aumentou sobremaneira o tamanho de cada módulo. O uso de uma grua de alta capacidade – a 1250 da Liebherr – per- mitiu o posicionamento dos grandes módulos, chegando a se construir seis comportas ao mesmo tempo - resultado que seria muito difícil de se conseguir com uma grua de menor porte. Outro detalhe do vertedouro foi a sua execução. O início da cons- trução da ensecadeira para a execução da casa de força e do verte- douro – que seria a primeira fase da obra, já que o projeto previa a excução de uma segunda ensecadeira na outra margem do rio para construção da barragem - ocorreu em maio de 2014. Porém, uma cheia histórica em junho de 2014, com a vazão do Rio Iguaçu chegando a aproximadamente 32.000 m³/s – a maior já registra- da desde o início da série histórica a partir de 1942 -, levou a ruptura da ensecadeira e alagamento dos recintos da casa de força e do vertedouro. O grande volume precipitado sobre a bacia do Rio Iguaçu nesse curto período de tempo, fez com que a vazão atingisse índice 30 vezes maior ao normal registrado. Por conta do ocorrido, aquele trecho do rio ficou marcado com grande quantidade de blocos de rocha remanescentes da ensecadeira destruída. Com o rompimento da ensecadeira, parte dos materiais que a constituíam, especialmente blocos de rocha, foram arrastados para o interior da casa de força e do vertedouro, assim como para o leito do rio, na parte externa da ensecadeira destruída. Os blocos de rocha da ensecadeira destruída pela cheia, que apre- sentavam diâmetros variados e ficaram depositados no leito do rio, alteraram as condições de fluxo de água, aumentando sua velocidade. Segundo Luís Fernando Rahuan, para garantir a estabilidade e a vedação da nova ensecadeira, seria necessário remover os blocos de rocha do leito do Rio Iguaçu. Mas devido as incertezas do prazo, custo e garantia completa remoção dos materiais, a reconstrução da ensecadeira destruída tornou-se inviável. tes da ensecadeira destruída pela cheia. Nesse complemento da ensecadeira, foi erguido um muro em con- creto compactado a rolo (CCR) de 100 m de extensão, transversal à futura estrutura do vertedouro (sua localização é exatamente entre o fim do vertedouro e o início da barragem). O engenheiro da Odebrecht explica que essa solução de construção do muro foi aplicada por que naquele trecho do rio ocorrem as maiores velocidades de fluxo de água, e ali ficou também grande quantidade de blocos de rocha remanescentes da ensacadeira destruída, tornando aquela área muito instável para construção de todo o vertedouro. Assim, a execução em dois trechos da ensecadeira permitiu a construção desse muro de concreto, possibilitando menos risco às execuções do restante do vertedouro em parte crítica do leito do rio, destaca o diretor da Odebrecht. SEQUÊNCIA DA OBRA A assinatura do contrato da obra da UHE Baixo Iguaçu se deu em dezembro de 2012, e ela iniciou em julho do ano seguinte. Em maio de 2014 ocorreu a primeira etapa do desvio no Rio Iguaçu. Nessa primeira etapa, o rio foi desviado através de um canal auxi- liar escavado na margem direita. Porém, como informado, uma cheia histórica no rio em junho de 2014 – que destruiu a ensecadeira - fez com que um mês depois as obras da usina fossem suspensas. O reinício dos trabalhos só ocorreu a partir de fevereiro de 2016, com a reconstrução da ensecadeira. Em julho desse ano foi realizada a segunda etapa de desvio do Rio Iguaçu, com a construção da barragem - e o rio passou a ser desviado pelos vãos do vertedouro já executado. O enchimento do reservatório estava previsto de ocorrer em novembro. MONTAGEM Ricardo Tavares, gerente de montagem eletromecânica civil da Odebrecht, diz que a interface do trabalho civil com a montagem foi um grande desafio, principalmente a área de embutidos da casa de força, incluindo tubo de sucção, pré-distribuidor, revestimento do poço, galeria mecânica e elétrica. O engenheiro ressalta que essa fase exige um alinhamento do cronograma muito forte. As turbinas são de grandes diâmetros, com 9,7 m, já que a vazão é muito alta no Rio Iguaçu. O engenheiro explica que o fato da mesma empresa responsável pelas obras civis estarem conduzindo a monta- gem – no caso, a Odebrecht -, permitiu dar mais agilidade ao apertado prazo, além de melhorar a administração do contrato. BARRAGEM Barragem com núcleo de argila e aproveitamento das ensecadeiras A solução que se mostrou mais adequada – e que foi adotada – consistiu na reconstrução da ensecadeira para possibilitar inicialmen- te a execução do vertedouro com 12 vãos. Depois, foi construído um complemento da ensecadeira para abri- gar os outros quatro vãos do vertedouro – projeto previa vertedouro com 16 vãos. Essa complementação foi construída sobre remanescen- 20 | | O u t u b r o / N o v e m b r o 2018 A barragem também tem uma característica peculiar na UHE Bai- xo Iguaçu. Ela foi feita aproveitando-se a ensecadeira. Assim, ela é composta pela ensacadeira de montante, a barragem em si com nú- cleo de argila, areia para evitar percolação da argila e a ensacadeira de jusante. O barramento está coroado na elevação de 263 m e tem comprimento total de 1.080 m. Para as obras, foram montadas no canteiro centrais industriais, incluindo de britagem, de concreto, de gelo, de ar comprimido, de car- pintaria, de pré-moldados e de armação.