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r r o v i a
/ A g
r o n e g ó c i o
Novo ciclo do modal ferroviário depende de soluções
que deem sustentabilidade a longo prazo
O Instituto de Engenharia, de São Paulo, apresentou
recentemente proposta técnica intitulada “Ocupação Sus-
tentável do Território Nacional Pela Ferrovia Associada ao
Agronegócio”. O objetivo foi criar uma base de ações que, ao
investir na ampliação de um transporte ferroviário moderno,
com integrações hidroviárias e rodoviárias, viabilizem o es-
coamento eficiente da produção, com redução nos custos do
transporte e no impacto socioambiental, para que o Brasil
possa atender ao aumento de demanda na agricultura.
Segundo o Instituto de Engenharia, um trabalho desse
porte vai requerer muita engenharia para buscar soluções
que garantam sustentabilidade futura. A seguir, a revista
OE apresenta principais pontos desse relevante documento.
INTRODUÇÃO
O Brasil, por uma conjugação favorável de circunstân-
cias, tem a oportunidade de se manter como um dos maiores
fornecedores de alimentos e matérias primas para o mundo.
Em constante crescimento, em 2050, a população mundial
deve chegar a, pelo menos, 9,3 bilhões de habitantes. Além desse
aumento, há também uma pressão causada pela diminuição da
pobreza extrema e o ingresso dessa camada no mercado consu-
midor de alimentos. E como atender a demanda adicional?
O mundo muito provavelmente precisará que o Brasil
produza e distribua mais para garantir a segurança alimen-
tar de todos e resolver o problema da fome, pois os demais
fornecedores estão com suas capacidades de produção no
limite ou próximos dele. Trata-se, portanto, de uma grande
oportunidade de desenvolvimento para o País e, ao mesmo
tempo, uma enorme responsabilidade e desafio.
VETORES DE CRESCIMENTO
O Brasil vive significativa mudança nos vetores do seu
crescimento econômico, tanto no aspecto setorial como
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no territorial. Já não é mais o avanço industrial do Sul e
do Sudeste que responde pela expansão.
O principal vetor atual é a produção agrícola de grãos
para exportação, originada no Centro-Oeste e no Centro-
-Nordeste do País. A safra recorde 2016/2017 ultrapassou
230 milhões de toneladas.
Estima-se que a produção brasileira de grãos, crescen-
do 2,5% ao ano em média, possa superar 400 milhões
de toneladas anuais em 15 anos, sendo pelo menos 300
milhões de toneladas destinadas ao exterior.
Essa produção ocorre no Cerrado, segundo mais im-
portante bioma brasileiro, em duas frentes ou eixos, prin-
cipalmente acima do Paralelo 16 (ou latitude 16º Sul).
Linha imaginária que passa pelo Mato Grosso, Goiás,
Brasília, Minas Gerais e Sul da Bahia, o Paralelo 16 foi