Ed. 320 - completa Setembro / Outubro - 2020 | Page 80

existe na Ásia, que são principalmente os custos de mão de obra, que aqui são bastante maiores”. O erro não está aqui; o erro está lá, porque o Brasil precisa empregar muita gente, e lá os custos são muito subsidiados”, ilustrou. No caso do Grupo Vulcabras Azaleia, nos calçados esportivos, tem a possibilidade de abastecer rapidamente os mercados da América do Sul, mas a concorrência do produtor asiático entra com práticas que não são iguais às do Brasil, e isto representa um risco. Mas a empresa acredita no movimento que vem liderando de valorização do produto nacional, levantando uma bandeira de nacionalismo, de valorização dos nossos profissionais, das nossas empresas e dos nossos produtos. Disse achar que é um momento de o brasileiro criar um sentimento mais nacionalista, inclusive como forma de enfrentar esta situação complicada causada pela Covid. Carlos Mestriner lembrou que a Klin está em 50 países, com marca própria, o que coloca a empresa em uma situação de vantagem na indústria de calçados infantis, e hoje os Estados Unidos são vistos com mais oportunidades do que antes, em função do problema com China. Lembrou que exportação não é um trabalho que dá resultados do dia para a noite, e sim um processo de confiança, de tempo de relacionamento. E a Klin vem fazendo este trabalho ao longo dos últimos anos. Na sua opinião, a exportação deverá continuar firme para marcas que fizeram um trabalho no mercado externo. Também lembrou que o câmbio é favorável, podendo ajudar a beneficiar o processo de busca do mercado externo para escoar a produção nacional. Sobre a retomada do mercado interno, Carlos elogiou a campanha da Vulcabras Azaleia, e reforçou que é o que as empresas brasileiras precisam fazer, para despertar o nacionalismo dos brasileiros no consumo. Ele ainda disse entender que as entidades de todos os segmentos da cadeia calçadista precisam se juntar para fazer uma campanha nacional, e fazer um trabalho para renovar o anti-dumping no Brasil, para evitar a entrada de calçados baratos, vindos de países que não são competidores em condições de igualdade. Para ele, agora, é importante que as entidades se juntem para evitar a prática de dumping no mercado nacional. Mencionou ainda o trabalho do Sindicato das Indústrias de Calçados de Birigui, que criou um grupo de empresas para fazer uma campanha de valorização do calçado nacional, unindo especialmente as médias e pequenas empresas da região. Sobre as mudanças que a pandemia está impondo à economia, Pedro Bartelle afirmou que a estimativa no Grupo Vulcabras Azaleia é de que a Covid acelerou o processo de digitalização de tudo em pelo menos três anos. A empresa já lançou coleções de produtos através de plataformas digitais, e as reuniões não pararam, nem a relação com os clientes e fornecedores, que agora é digital. E já deu para perceber o ganho de tempo pelo fato de que não precisa haver deslocamentos, e a objetividade nas reuniões, que também resultou em ganho de tempo. Na Vulcabras Azaleia o uso de realidade virtual no desenvolvimento de produtos já era uma realidade, que deverá ser intensificada a partir de agora, acredita Pedro. No seu entendimento, o que vai mudar mesmo a partir de agora é o tipo de produto a ser consumido. “No setor de calçados esportivos, principal negócio do Grupo, a gente acredita que o consumidor vai ser mais cauteloso na escolha do seu produto, e olhar para calçado mais multifuncional. Por isto intensificamos nas suas novas coleções, para trazer calçado que atende o consumidor em diversos momentos de sua vida”, explicou. Focados no que será o novo normal, em que as pessoas terão que se reinventar e ser empreendedoras, a Vulcabras Azaleia criou uma plataforma de negócios focada nos preparadores físicos, personal trainers e outros profissionais desta área, permitindo que eles sejam vendedores dos calçados com um programa chamado Corre Junto, uma plataforma digital onde estes profissionais se inscrevem e podem passar a comercializar os calçados da marca, ganhando comissão. Isto os transforma em empreendedores e dá uma oportunidade de renda que até então não existia. De acordo com Pedro Bartelle, é mais uma ação de contribuição da empresa para ajudar profissionais que podem estar ligados às suas marcas, e mais uma forma de atuar no projeto de valorização do produto nacional. Dentro da própria plataforma, o grupo criou um espaço para a formação destes vendedores, com informações sobre técnicas de vendas, e sobre os produtos, capacitando estes novos vendedores para a venda técnica. Em menos de três meses a plataforma já tem mais de cinco mil inscritos, número que deverá ser superior a 10 mil pessoas até o final do ano. Carlos Mestriner concorda com Bartelle quanto à aceleração da digitalização da vida empresarial. Afirmou que a Klin tem feito um trabalho intenso de digitalização, para preparar a empresa em um processo muito rápido. Destacou o trabalho que vem sendo feito junto à equipe de negociadores/representantes comerciais, para a adequação a um novo formato de trabalho, com material digitalizado e com capacitação para que os clientes da marca sejam atendidos com excelência através de canais digitais. Junto aos lojistas, a Klin busca ser um agente para que ele também consiga intensificar o uso destas tecnologias, e se mantenha próximo do consumidor final. Carlos Mestriner entende que estas novas formas de vender, de comprar, 80 • setembro | outubro