Ed. 320 - completa Setembro / Outubro - 2020 | Page 77

tas entre 2018 e 2019 revelou que os clientes finais aceitam pagar até 25% mais por um produto que ofereça qualidade de fato. No seu entendimento, a pesquisa mostra que vale a pena investir em tecnologia e em selos que garantam esta qualidade. Sobre estratégias para comunicar os diferenciais dos produtos ao consumidor final, Davi Hergemoller salientou que alguns produtos já têm tecnologia que é perceptível, visualmente. Todos os produtos em couro recebem um selo aplicado em cima da palmilha nos produtos da Ramarim, para que eles saibam avaliar a diferença. A ideia é conversar com o consumidor de uma maneira simples e efetiva. No caso das tecnologias, a empresa usa as mídias sociais para comunicar os diferenciais dos produtos das marcas da empresa, além do PDV nas lojas. Para os lojistas, a indústria envia material de apoio para que eles possam fazer esta venda qualificada. Por trabalhar com exportação, e estar no mercado global, a Veja/Vert tem sistemática própria de comunicação. A marca não investe em propaganda, o que coloca o desafio de passar ao consumidor final as informações sobre o desenvolvimento de um tênis esportivo com conforto e suporte técnico para sua funcionalidade e com uso de materiais com pouco petróleo. A estratégia adotada foi enviar os calçados para atletas que correm, para pessoas que praticam esportes, formadores de opinião, e buscar sua opinião sobre o produto. O resultado foi muito bom, com feedback de formadores de opinião, youtubers que atuam em canais de esportes e corrida, grupo de corredores, em todo o mundo. A Bompel tem preocupação muito grande com relação à funcionalidade do calçado. Tanto que o slogan da empresa é performance profissional. “Tornar a rotina dos usuários dos nossos calçados mais agradáveis é a nossa missão”, afirmou José Luiz Hurmann Filho. Todo o profissional que trabalha contente tem uma performance também melhor na sua atividade. Como fazer isto chegar ao consumidor é outra preocupação. O nosso consumidor é o trabalhador, mas normalmente não é ele que faz a aquisição deste produto e por isto a dificuldade de fazer chegar a informação até os usuários dos calçados. A venda de calçados de segurança é técnica. Quando questionados sobre os impactos da pandemia na aquisição de insumos, e se haverá um fortalecimento do mercado interno na questão do fornecimento para a indústria de calçados, Davi afirmou que houve um impacto muito grande na área criativa e de desenvolvimento, em função do atraso e demora. Ainda não houve impacto mais sério com relação a questões de materiais na Ramarim. E salientou que “para os fornecedores internos, é interessante lembrar que um momento de instabilidade pode se tornar um momento de oportunidade. Talvez este seja um momento propício para que algumas empresas realmente consigam ter um espaço no mercado”. Reges comentou que como a Veja/ Vert tem o escritório geral em Paris, e a pandemia aconteceu primeiro na Europa, eles já comunicaram no Brasil sobre o que poderia acontecer em relação a abastecimento e fornecimento. Com muito planejamento e parceria, a empresa conversou com os fornecedores, e ajustou para passar pelo período sem maiores impactos. A marca não teve pedidos cancelados, e manteve todos os compromissos com as fábricas. Assim, foi possível passar o primeiro semestre muito bem, e o planejamento do próximo semestre está sendo feito com os fornecedores e parceiros. A Bompel, segundo José Luiz, não chegou a ser afetada. E hoje está com estratégias para manter a produção. Disse acreditar muito no brasileiro, que tem capacidade de adaptação e de transformação, e elencar novas estratégias, e deverá sair fortalecido deste processo, ao final da pandemia. Ao serem questionados sobre as mudanças de comportamento do consumidor e a visão dos convidados para o pós-pandemia, Davi Hergemoller foi o primeiro a se manifestar. Ele entende que haverá uma aceleração do que já estava ocorrendo, como o comércio digital e o assunto sustentabilidade. A exigência de produtos com mais qualidade e menos fast fashion, também era uma tendência que já vinha sendo observada, e que deverá crescer. As pessoas estão valorizando quem traz algo diferente e consegue comunicar isto de forma clara, e que entregue o que está prometendo. Uma questão que vem sendo observada, segundo Davi, é o aumento do número de pessoas que não tinham o hábito de fazer compras pelos canais digitais, e por uma questão de necessidade foram obrigadas a entrar, viram que é bom, prático, e provavelmente vão continuar comprando por estes canais depois do final da pandemia. No caso do Grupo Ramarim, as consumidoras da marca Comfortflex, que têm uma faixa etária mais elevada, estão apresentando o maior incremento da participação das vendas pelos canais digitais. Reges da Costa opinou em seguida. “Certezas a gente não tem, mas vemos pistas muito boas do que vai se afirmar - a aceleração digital, a comunicação cada vez mais direta com o consumidor, mais transparência, mais agilidade, caminhos que não têm mais volta. A fidelização, que antes era feita na relação de confiança pessoal, através da loja, as marcas vão ter que aprender a conquistar individualmente com cada consumidor, com muita transparência, com muita informação e com muita atenção digital”, preconizou. José Luiz Hurmann Filho entende que os meios digitais, que já existiam, foram fortalecidos no momento da pandemia. Mesmo quem precisa fazer uma venda mais técnica, como é o caso da Bompel, vai ter que usar as ferramentas digitais. E isto foi muito interessante e deve permanecer no futuro. setembro | outubro • 77