Ed. 320 - completa Setembro / Outubro - 2020 | Page 76
Davi Hergemoller falou sobre os
impactos da evolução de materiais
para os calçados de moda. Para
ele, pode-se dividir esta evolução em
três pontos: melhorias de processos e
aumento de produtividade, o conforto
especificamente e a questão da sustentabilidade.
Sobre melhoria de processos
e aumento de produtividade,
mencionou as impressoras 3D, ainda
pouco usadas pela indústria calçadista.
Contou que o Grupo Ramarim
está implantando o sistema que tem
como objetivo diminuir o tempo entre
a parte criativa e a produção. A ideia
é internalizar todo o processo entre a
criação e a colocação do modelo na
produção. No seu entendimento, a tecnologia
do 3D pode contribuir muito
e tem muito espaço para crescer dentro
da indústria calçadista. No quesito
conforto, salientou a evolução no que
diz respeito a tecnologias de amortecimento,
na questão de palmilhas, forros
dos mais diversos tipos, com bactericidas,
e agora com propriedades
antivirais, bolhas de ar comprimido e
gel para amortecimento da pisada.
Quando o assunto é sustentabilidade,
Davi salientou o salto dado na
questão do custo, porque incialmente
a sustentabilidade era muito cara,
quase que inviável em produtos, mas
agora já é possível. Lembrou que hoje
se tem acesso a sintéticos livres do uso
de solventes, cabedais a base de fios
de PET e mostrou um modelo de tênis
fabricado pelo Grupo Ramarim com
cabedal 100% produzido com fios de
garrafas de plástico (cada par de tênis
tira uma garrafa de PET do meio
ambiente). O solado tem 30% de material
de reaproveitamento, couraças
e biqueiras feitas com materiais de reaproveitamento.
Hoje a Ramarim reaproveita
50% de seus rejeitos sólidos,
transformando em componentes para
a produção dentro da própria empresa
- e o objetivo é chegar ao índice de
100% de aproveitamento de resíduos
sólidos.
O Dr. Rudnei chamou a atenção
para o fato de que o IBTeC consegue
comprovar toda a eficiência e a funcionalidade
de materiais que são usados
em calçados, a partir da realização
de ensaios nos laboratórios da instituição.
Também informou aos demais
participantes que o IBTeC está fazendo
um trabalho intenso junto à Associação
Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), para transformar as normas de
conforto desenvolvidas há duas décadas
pelo instituto com a chancela da
ABNT, em normas internacionais, com
a globalização do conforto.
O segundo questionamento foi
sobre qual a importância de testar os
produtos para a comprovação da funcionalidade
dos materiais. José Luiz
disse entender que o EPI está regido
por regras compulsórias, o que exige
que o calçado possua uma certificação,
a partir da realização de ensaios
de laboratório. Salientou que desde
2006 a Bompel tem um contrato de
parceria para desenvolvimento com
os Laboratórios de Biomecânica do IB-
TeC, para trabalhar a questão da tecnologia
do conforto.
Reges da Costa destacou que a
Veja/Vert tem uma preocupação muito
grande com os produtos que coloca
no mercado. Como trabalha com muitos
materiais novos para o segmento e
para os consumidores, como biomateriais,
“temos uma coleção certificada,
com todos os materiais intensamente
testados, com ensaios físicos, mecânicos
e biomecânicos. A empresa tem
uma preocupação muito grande com o
que vai colocar e o que vai comunicar
no mercado. A transparência é um dos
valores da marca, que informa tudo o
que tem dentro do calçado. Todos os
produtos Veja/Vert são auditados por
laboratórios como os do IBTeC”, afirmou.
Davi explicou que a Comfortflex
tem dez tecnologias que são funcionais,
e não meramente estéticas. A
maior parte delas foi certificada e testada
no IBTeC. A preocupação é com
o cliente final, que o que for entregue
deve ser real e verdadeiro para todas
as marcas da Ramarim. Também disse
acreditar que as certificações são
muito importantes, mas entende que
é preciso comunicar melhor ao consumidor
final estas características, para
que isto gere valor ao produto final. Se
o consumidor entender que a certificação
vai garantir a ele um produto melhor,
ele vai pagar mais por isto. Davi
contou ainda que uma pesquisa feita
pelo Grupo Ramarim junto aos lojis-
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