Ed. 320 - completa Setembro / Outubro - 2020 | Page 64
83% DAS EMPRESAS PRECISARÃO DE MAIS INOVAÇÃO
para sobreviver
Pesquisa inédita da Confederação Nacional da
Indústria (CNI) mostra que as soluções inovadoras
serão decisivas para o País enfrentar
os efeitos da Covid-19 sobre a saúde da população
e minimizarem os prejuízos sociais e econômicos. O
levantamento destaca que, em uma segunda etapa, a
inovação será decisiva para acelerar a retomada da
atividade e do crescimento da economia no Brasil.
Entre as mais de 400 empresas ouvidas, 83% afirmam
que precisarão de mais inovação para crescer
ou mesmo sobreviver no mundo pós-pandemia. Os
executivos das indústrias destacaram que a linha de
produção é a área prioritária para receber inovações
(58%), seguida pela área de vendas (19%).
Essa percepção se dá ao mesmo tempo em que o
setor produtivo sofre impactos negativos decorrentes
das restrições impostas pela disseminação do novo
coronavírus. No estudo encomendado pela CNI ao
Instituto FSB Pesquisa, 65% das médias e grandes empresas
informam que tiveram sua produção reduzida
ou paralisada devido à pandemia. Além disso, 69%
garantem ter perdido faturamento. “O atual contexto
de pandemia deixou ainda mais evidente para as
empresas a necessidade de se investir em tecnologias
inovadoras e, principalmente, em aperfeiçoamento
das metodologias de gestão”, afirma a diretora de
Inovação da CNI, Gianna Sagazio. Ela acrescenta que
“a crise tende a acelerar o desenvolvimento de inovações
já em curso”.
Pesquisa da
CNI mapeou
a percepção
de executivos
de médias
e grandes
indústrias sobre
inovação e sua
importância no
atual cenário
do País
FOTO DIVULGAÇÃO
Impactos na produção
Os números da pesquisa relativos aos impactos na produção
revelam que, diante do cenário, mudar se tornou imperativo.
Entre as empresas consultadas, 68% alteraram de
alguma forma seu processo produtivo (74% nas grandes e
66% nas médias), mas só 56% dessas consideram ter inovado,
de fato, após essa mudança. Entre todas as empresas
pesquisadas, 39% dizem que a mudança empreendida foi
uma inovação. Entre as mudanças efetuadas, a mais citada
diz respeito à relação com os trabalhadores (90%), depois
vêm mudanças na linha de produção (84%), nos processos
de venda (82%), na gestão (75%), na logística (62%), na cadeia
de fornecedores (61%) e no controle de estoques (55%).
Outro dado mostra que a cultura da inovação já vem
sendo praticada na maioria das empresas consultadas,
entre as quais, 92% informaram que inovam. Dessas, 55%
garantem que a inovação aumentou muito a produtividade
- regionalmente, são as empresas do Centro-Oeste, relacionadas
ao agronegócio, as que mais relatam muito ganho
de produtividade (69%) em decorrência de inovações. Por
outro lado, das empresas que inovam, só 37% dizem ter orçamento
específico para inovação e 33% têm profissionais
dedicados exclusivamente aos processos inovativos. Além
disso, a falta de recursos e de pessoal qualificado para inovar
foram citados pelos executivos que dizem dar importância
média ou baixa à inovação.
Plataforma de inovações
Para vencer essas limitações e impulsionar a cultura da
inovação entre as indústrias brasileiras, a CNI anunciou em
julho uma parceria estratégica com a SOSA, plataforma israelense
com atuação global em inovação aberta, que tem
centros de inovação em Tel Aviv; Nova York, nos Estados
Unidos; e Londres, no Reino Unido. O acordo possibilita que
indústrias e startups no Brasil tenham acesso aos ecossistemas
de tecnologia da SOSA em Nova York e Tel Aviv, inaugurando
um processo de engajamento e colaboração com
as tecnologias 4.0 mais disruptivas em desenvolvimento
fora do país.
A pesquisa revelou que só duas em cada dez empresas
possuem programa ou estratégia de inovação aberta (30%
entre as grandes empresas e 18% entre as médias). Dois
terços das empresas consultadas disseram ter interesse
em uma plataforma global de inovação e, dessas, 59% afirmaram
que uma plataforma como essa ajudaria muito sua
empresa a inovar.
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