Ed. 320 - completa Setembro / Outubro - 2020 | Page 51

Vamos falar de Omnichannel? Uma conversa sobre experiência de compra e estratégias de vendas Sacha Juanuk Apostando que a solução não está só na loja física e nem na loja virtual, mas na união desses dois modelos de negócios, o coordenador omnichannel da Mormaii Sacha Juanuk, comentou que as pessoas, mesmo estando em casa trancadas pela pandemia, não deixaram de consumir. A Mormaii, por exemplo, notou que as vendas não caíram com a imposição do distanciamento social, pelo contrário, o faturamento da marca continuou igual ao que era antes da Covid-19 se tornar um problema mundial. “Olhando somente para o formato físico entenderíamos que houve uma queda, mas considerando os dois canais de venda percebemos que houve uma transferência de comportamento com muitos consumidores passando a comprar pela internet”, revelou. O palestrante destacou que as marcas mais antenadas começaram a investir mais cedo nesta tecnologia crescente, ainda numa época em que os sistemas eram customizados e muito caros, mas hoje em dia a tecnologia está disponível e democrática. Logo em seguida lembrou que o custo de uma loja virtual é igual ou menor que uma loja física, mas a diferença é que a loja online vai vender para o Brasil todo. Com a política de ofertar a venda pela internet com custo zero de transporte para quem opta pela retirada na loja física, a marca possibilita ainda a realização de venda de algum item adicional na loja física, e desta forma reforça a relação com os franqueados, pois assim o canal virtual não é mais visto como um concorrente, mas um aliado. “Enxergar somente o que nos trouxe até aqui é sinal de miopia, pois qualquer crescimento nas vendas pode ser considerado um novo modelo de negócio”, considerou o painelista. Ele salientou que quando a Mormaii percebeu que houve um crescimento exponencial nas vendas virtuais, passou a investir mais neste canal, pois detectou nesta movimentação do mercado uma tendência de mudança de cultura de consumo. “Hoje, essa evolução nos faz repensar os produtos, a política de preços e voltamos, inclusive, a abrir franquias. Neste sentido, a empresa está colhendo frutos de um investimento em inovação feito no passado, porém se aproveitando do momento pontual, que potencializou as relações no universo online”, contextualizou. Destacando que qualquer métrica das vendas online gerada nestes últimos quatro meses é distorcida, pois são fruto de uma condição atípica, na qual as pessoas se encontram em suas casas, ele lembra que quando essas pessoas puderem sair novamente para a rua vai haver uma reorganização nessas preferências. Outro aspecto é que as lojas físicas hoje estão dando muito mais valor para os dados das pessoas como nome, número do celular, CPF e e-mail, dados que para a loja virtual já são coqueiros, pois a pessoa para fazer o pedido pela internet precisa antes fornecer uma série de dados pessoais. “Apesar de já ter despertado a respeito dessa necessidade, a loja física, na sua grande maioria, precisa ainda ser educada quanto a importância de coletar os dados do consumidor”, destacou. Se por um lado a internet é um acelerador de vendas, a integração das lojas físicas com a digital aumenta o estoque, traz mais agilidade para a entrega e diminui custos em logística, por outro é preciso pensar como isso tudo gera benefícios para o consumidor. Reforçando que é preciso perder o medo e investir em tecnologia, Sacha concluiu a sua apresentação contando que a Mormaii tem um sonho que é produzir, embalar e despachar do Brasil produtos a serem consumidos por chineses, invertendo o que é o normal hoje. “O varejo nunca viveu numa situação com tanta liberdade para o consumo, pois hoje o público realiza as suas compras em qualquer horário estando em qualquer local. Mas apesar das facilidades oferecidas pelo digital, as pessoas vão continuar a consumir nas lojas físicas. Neste sentido, o novo normal vai ressaltar ainda mais esse modelo livre de consumo”, concluiu. setembro | outubro • 51