Ed. 320 - completa Setembro / Outubro - 2020 | Page 49

Lisiane Fonseca professora Lisiane enfatizou que a economia no A mundo inteiro foi afetada com o surgimento da pandemia. Segundo ela, o banco mundial prevê que a economia global recuará 5,2 %. Este recuo está associado ao crescimento de 1% da economia chinesa, que é relativamente baixo se considerarmos o histórico do país nos últimos tempos, mas ainda assim, neste momento, é a única economia que sinaliza um resultado positivo. Nos Estados Unidos a estimativa é de queda em torno de 6%, enquanto na zona do euro a diminuição será por volta de 9% e no Brasil a diminuição será por volta de 6,5%. “Com as economias encolhendo o fluxo de produção, consumo e geração de emprego e renda, este é o momento para as grandes nações repensarem suas políticas sociais e econômicas e mesmo nações mais liberais investem pesado em ações para minimizar os impactos das crises na vida das pessoas”, frisou a professora. Os EUA, conforme Lisiane, injetaram US$ 2 trilhões na economia, um volume maior do que o PIB brasileiro, a Alemanha destinou em torno de 750 bilhões de euros, o Canadá aplicou 55 bilhões de dólares junto ao setor produtivo com renegociação de uma série de tributos e incentivo às empresas e mais 27 bilhões de dólares em programas voltados para famílias de baixa renda e trabalhadores. “A pandemia afeta de forma diferente cada nação, mas é inevitável que o Estado assuma a responsabilidade de cuidar do bem-estar dos cidadãos, mesmo nos países com economias fragilizadas”, comentou. Com relação ao comércio internacional pós-pandemia, há duas leituras, uma delas é que serão criadas novas oportunidades de negócios, pois os países devem gerar uma série de demandas internas cujas soluções podem estar no exterior. A outra é que alguns países podem levantar barreiras comerciais para estimular o consumo de produtos nacionais, o que dificulta o acesso a mercados a médio prazo. Para o Brasil, um aspecto muito importante são as ações do Governo para a queda da taxa Selic, pois juros menores estimulam a busca por crédito tanto para o consumo quanto para o investimento, mas isso só se confirmará se o cenário econômico estiver mais tranquilo, pois atualmente se sabe que grande parte das empresas trabalha com capacidade ociosa. Por isso é importante que o Estado não apenas reveja alguns dos seus posicionamentos em relação a austeridade fiscal, mas assuma o seu papel no estabelecimento das diretrizes para que aconteça a retomada do crescimento econômico e o Brasil possa também aproveitar as oportunidades que vão surgir. As empresas, por sua vez, têm que saber se reinventar, pois está surgindo um novo mercado associado a forma mais racional do consumidor enxergar as empresas e as marcas, entendendo que elas também são responsáveis pelo desenvolvimento social e a preservação do meio ambiente. A demanda, portanto, passa a ser muito mais por necessidade do que por desejo desse consumidor que descobriu a praticidade da compra online sem precisar sair de sua casa. Temos que considerar ainda que estes comportamentos vão permanecer mesmo após o distanciamento social acabar. Ao destacar que a participação das entidades junto com as empresas é fundamental para que as empresas possam se organizar e levar ao Governo os seus pleitos, ela lembrou da necessidade de se manter a empregabilidade, pois os empresários sabem o custo que se tem para qualificar um trabalhador. “Desligar esta mão de obra no momento da crise para recontratar depois gera muitos custos, além de não se ter a certeza de que o trabalhador qualificado hoje desempregado estará disponível quando a situação do mercado melhorar. Além disso há o aspecto econômico, se não há emprego não existe renda e sem renda não há consumo. Para a roda da economia girar é preciso também que as entidades setoriais apresentem aos governos Municipal, Estadual e Federal algumas possibilidades de políticas dentro destes segmentos no período de pandemia para que se consiga de fato manter todo o sistema produtivo funcionando. setembro | outubro • 49