Ed. 320 - completa Setembro / Outubro - 2020 | Page 48
Painel Economia
Durante o Painel Economia, os professores José
Antônio Ribeiro de Moura, especialista em Gestão
Comercial, e Lisiane Fonseca da Silva, especialista em Desenvolvimento
Econômico, fizeram diversas considerações
na projeção dos possíveis cenários para o setor calçadista.
José argumentou que a retomada dos negócios está
diretamente relacionada com a curva da Covid-19, ou
seja, enquanto a curva de mortes e contágio continuar a
subir, de maneira inversa, a perspectiva de retomada da
economia continua em queda, mas quando a curva da
doença cair, a curva da demanda do mercado começa a
crescer. “Neste momento o Governo Federal não pode ter
receio de gastar. Passamos por uma crise humanitária e
de sobrevivência, tal qual um cenário de guerra, onde foi
detonada uma bomba de efeito paralisante, e esta não
é uma questão isolada do Brasil. Mas, diferentemente
de tempos de guerra, as estruturas hoje estão intactas e
disponíveis. Desta forma não necessitamos de grandes
investimentos, basta a economia retomar seu curso que o
setor funcionará como uma cadeia interligada, onde o que
acontece numa ponta reflete na outra. Sendo assim, de
nada adianta a indústria calçadista abrir se o varejo não
reabrir também”, apontou.
O varejo precisa vender para demandar reposição do
estoque de calçados, que por sua vez precisará de mais
matéria-prima. Este é o caminho natural observado por
José, mas enquanto isso, o que a gente vê hoje é que a
queda nas vendas, da forma como aconteceu, não possibilita
uma recuperação rápida. “É preciso investir nas redes
sociais para a divulgação dos produtos e serviços e, caso
seja necessário, buscar recursos junto a alguma instituição
financeira, mas que isso seja realizado de forma técnica
para não comprometer ainda mais o capital de giro justamente
neste momento tão delicado”, sugeriu.
A transformação digital já deixou de ser uma mera discussão
teórica ou acadêmica e se tornou uma realidade
no cotidiano das pessoas e empresas, porém as tecnologias
digitais devem ser empregadas objetivando melhorias
de processos e da produtividade, tendo a consciência
de que essa evolução deve focar no atendimento social
das pessoas.
“Quando a economia voltar a girar, num primeiro
momento isso vai acontecer por impulso de consumo
motivado por uma demanda reprimida. E por isso mesmo
é preciso ter muita cautela, pois esta situação logo vai se
acomodar. O consumidor está mais consciente e a necessidade
vai falar mais alto que o desejo”, antecipiou.
As empresas precisam ter uma razão de existir que
seja maior do que os lucros que possa obter e deve
comunicar isso ao seu público. Se ainda não tem alguém
que possa iniciar este processo, comece pelo básico,
que é elaborar um mailling com os dados cadastrais dos
consumidores, identificando pessoas que ainda não são
consumidoras das lojas, mas têm potencial para se tornar
um consumidor.
Outra dica é criar o seu e-commerce. As mídias sociais
como Instagram, Facebook e Whatsapp são extensões do
mundo real para o virtual através das quais as organizações
passaram a se comunicar com o mercado. Isso implica
em uma nova questão que é criar uma métrica, estabelecer
um sistema para acompanhar a efetividade dessas
mídias, verificando a quantidade de likes, os comentários
e compartilhamentos e medir os resultados em vendas a
partir das postagens nesses canais. Essas medidas deverão
fazer parte da rotina das empresas e não serão abandonadas
após esta crise toda ter passado.
José Antonio Ribeiro de Moura
48 • setembro | outubro