Ed. 320 - completa Setembro / Outubro - 2020 | Page 47

Painel Tendências Com a implantação do distanciamento social pela pandemia da Covid-19, uma grande parte da população precisou mudar seus hábitos de forma repentina, passando a realizar no sistema home office diversas tarefas que antes eram presenciais, inclusive relacionadas ao trabalho. Com essa nova realidade as empresas se viram diante da necessidade de rapidamente se adaptar para continuarem relevantes para os consumidores e assim garantir a continuidade da sua existência no mercado, que cada vez mais exige novas posturas e significados para os negócios. Este foi o mote do Painel Tendências protagonizado por Camila Toledo - especialista em tendências de moda, design e comportamento e diretora do Fashion Snoops no Brasil e Silvana Holzmeister - editora de Moda da Harper’s Bazaar e professora da Belas Artes. Camila iniciou comentando que neste primeiro momento a tendência do conforto e da funcionalidade se sobressai nos produtos da moda. “Nas bolsas, por exemplo, uma das preocupações é ter um local apropriado para as pessoas acondicionarem as máscaras e o álcool gel, que passaram a ser itens essenciais ao dia a dia”, ilustrou. Ela também comentou que o plástico, que vinha sendo muito contestado como material para roupas, calçados e acessórios por não ser de fonte renovável, agora ganha novo fôlego pela facilidade de higienização, disputando com outras matérias-primas como ráfia e couro, que trazem um apelo mais natural, a preferência dos consumidores. Silvana complementou lembrando que o mercado de reciclagem de plásticos aumentou e há também várias opções de plásticos que agregam em suas composições substâncias biodegradáveis que são mais amigáveis ao meio ambiente. “Tais propostas são muito compreensíveis neste momento em que os consumidores, especialmente das novas gerações, estão mais conectados com a natureza”, ponderou. Ela também destacou a necessidade de se ter menos quantidade de itens no mix ofertado aos consumidores e que os produtos tenham maior durabilidade - tanto com relação ao período de venda (ou seja, procurem não ser adequados apenas para uma estação do ano), quanto ao tempo de uso. Com relação a conexão com a natureza, Camila destacou o ressurgimento de técnicas manuais, como o tricô e o crochê e até mesmo o tie dye, além de estampas que remetem a animais e plantas. Especificamente sobre calçados, citou o caso da Prada, que lançou uma sandália com design típico das feitas no Nordeste brasileiro, e que virou febre mundial. Para ela, a produção e o comércio local poderão sair mais fortalecidos dessa crise, caso as pessoas comecem a perceber de fato todo o potencial criativo que existe em nosso País. “Mas para os negócios serem competitivos, não adianta mais só ter loja física, a necessidade hoje é ter outro canal para a venda e o contato com o consumidor, além de ficar atento aos novos aplicativos que surgem e podem facilitar esta aproximação”, assinalou. Silvana reforçou a necessidade de se desenvolver as habilidades para o uso das novas tecnologias, pois esta é uma exigência que, assim como a sustentabilidade, só vai aumentar daqui para frente. Outra tendência de continuidade são os novos hábitos de higiene incorporados, como a prática de se tirar os sapatos antes de entrar em casa. Este costume, por exemplo, pode se transformar em uma oportunidade para as empresas pensarem em novos artigos, que sejam um intermediário entre o calçado e a meia e que proporcionem mais conforto para o uso em casa. “Mas que sempre haja uma verdade, uma real preocupação da marca com a saúde e a segurança do usuário”, advertiu. Camila Toledo Silvana Holzmeister setembro | outubro • 47