ebook_curadoria_digital_usp.pdf Curadoria Teste - May. 2014 | Page 88
como você chamou, de “curadoria da informação”. A partir daí montamos uma equipe de pesquisa e de texto
encabeçada por Haroldo Ceravolo Sereza.
A equipe de pesquisa é responsável por fazer essa triagem de matérias que saem na imprensa e a equipe de
texto traduz os textos e faz o trabalho de edição. No momento em que se coloca o texto no papel, tem que cortar. É
uma regra do jornalismo, todo texto a gente corta para caber em duas, três páginas. Essa equipe de texto sou eu e os
tradutores. Trabalho cortando texto, mas sempre tomando cuidado para não tirar as informações e o sabor do texto,
pois na maioria são reportagens locais. Ao fazer isso estou fazendo escolhas, privilegiando algumas informações em
detrimento de outras. O mesmo na hora de fechar a página, escolher as imagens, que título vou dar, que linha fina.
São escolhas que vão dar ênfase para um determinado aspecto da matéria, pensando no público brasileiro. Paralelo a
isso, a equipe que fica no Rio, que tem três pessoas, vai para a internet e revistas em papel internacionais e nacionais
e começa a selecionar assuntos do momento. A partir daí vai se montando o menu.
Uma característica da revista é que abrimos com uma seção fixa que se chama “Dossiê”. No Nº0 o enfoque foi
para a rebelião, protestos de rua, a juventude que vai para a rua, não só no Brasil como no mundo. Tivemos uma
grande seleção de matérias em torno desse assunto. Tínhamos muitas matérias pontuais, na Inglaterra, no mundo
árabe. Teve uma hora que senti falta de uma cronologia dos acontecimentos, desse “maio” de 2011. Então criei, junto
com as equipes, um diário de manifestações. Eram matérias publicadas em revistas, blogs, jornais alternativos, às
vezes até a notícia quente. Foi um mosaico de matérias editado como um diário. Fiz uma seleção. Na Nº1, que foi a
primeira a ir para as bancas, sobre a crise americana, a equipe fez a mesma coisa. Aí fizemos uma seleção tanto de
revistas de esquerda quanto de direita, para termos um retrato profundo da crise americana.
Já a Nº2 foi a “guerra às drogas”. São quarenta anos dedicados a isso e o resultado que temos hoje é pífio, a forma
como foi levada adiante pelos governos só aumentou a situação e violência ao invés de diminuir o consumo. Tentamos
mapear e procurar no jornalismo internacional experiências positivas, que deram certo. Como em Portugal, com a
descriminalização da maconha. Fomos atrás para mostrar que existem outras saídas que não são necessariamente
bélicas. E agora estamos trabalhando com a questão da Natureza, dos projetos ambientais espalhados pelo mundo,
que tem dado certo e também errado.
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