E-Vista Ed. 01/Ano 01 | Seite 33

ENRIQUE SANTOS

como ser um músico, por exemplo sem essas três coisas: domínio do instrumento, leitura de composições que te precederam e referências, ou seja, grandes artistas que servem como ícones ou mesmo ídolos, como um ponto de chegada, uma meta de excelências para atingir. Da mesma forma, creio, o escritor deve ter essa tríada consigo, como pilares estruturais da sua carreira literária, sem eles, seu templo desmorona. Enfim, não há como querer ser conhecido pelos outros como escritor, quando nem você sabe quem quer ser ou mesmo que você já é.
EVa: Você acredita que Literatura pode ser vista como uma terapia alternativa? Sem pensar em livros de Autoajuda, você acha que toda a literatura pode ser válida?
H. S.: Sim, a literatura é um remédio para diversos males, assim como é inegável que cantar ou dançar alegra o espírito, da mesma forma a literatura tem esse poder, pois todas são artes, manifestações do espirito humano capaz de estruturar ou desestruturar uma pessoa. Por mais que critiquem a autoajuda, tal gênero tem a capacidade de motivar uma pessoa, mudar sua forma de ver o mundo, as pessoas ao seu redor ou a si mesma. Muitos quando estão aflitos com problemas amorosos se rendem à música; outros à literatura, pois são formas de alimentar o espírito. São nos momentos difíceis que vemos que precisamos de coisas imateriais: ouvir uma música, cantar ou escrever um poema. Se partimos do pressuposto que a literatura afeta os nossos sentimentos, então é evidente que pode ter sim finalidade, mesmo que sem fundamentos acadêmicos, terapêutica.
EVa: A rivalidade existente entre autores independentes, selos e até mesmo editoras de pequeno porte, é visto como algo bom? Você acha que essa competição é necessária por se tratar de um negócio como qualquer outro?
H. S.: Sem dúvida. A rivalidade é essencial, pois faz com que os artistas criem em si o sentimento de superação, coloca em suas mentes um ponto de excelência que se deve alcançar. É claro que a concorrência é desleal, não nego, mas é preciso encarrá-la e usar isso como motivação para se superar. Na Grécia Antiga era a rivalidade que motivava os antigos tragediólogos a escreverem verdadeiras obras-primas. Seja admiração ou inveja, tais sentimentos irão nutrir o autor da vontade de superar o invejado ou o admirado. Não é algo bonito de se dizer, mas é a mais pura verdade. Hoje o que temos é uma verdadeira guerra entre editoras, selos e autores. Isso é mais do que bom, é excelente! É esse sentimento de guerra que faz com que se mantenha um bom nível. Se você é escritor, e não quer rivalidade, escreva só para si e nunca ouse divulgar sua obra.

Capas dos livros de Henrique Santos

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