E-Vista Ed. 01/Ano 01 | Page 32

ENTREVISTA com H EVa: Breve apresentação. Você é..? universitários que afirmavam que o brasileiro não lia e nem escrevia. H.S.: Meu nome é Luiz Henrique Cardoso dos Santos, tenho 26 porém, quando me dei conta que na cidade em que moro (Fortaleza) anos, moro em Fortaleza, Ceará. Sou formado em Letras: Português e há diversos escritores desconhecidos, diversas academias de letras e Literaturas pela Universidade Federal do Ceará. que geralmente as livrarias da cidade sempre estão cheias (pelo menos Atualmente sou especialista em ensino de Literatura e trabalho como nos fins de semana), vi que eu estava sendo no mínimo injusto ao professor do Estado do Ceará, como professor de Literatura e Artes. generalizar a questão da leitura e escrita. Hoje, eu tendo conhecimento Nesse ano de 2017 tive meu primeiro livro de mistério publicado com o dos inúmeros grupos virtuais de leitura e escrita pelo país, além de título de O Segredo do Cemitério São João Batista. Ainda nesse ano tive diversos ambientes na rede em que você pode compartilhar suas meu conto Almas da Lua contemplado na antologia de contos A Arte produções literárias com os outros, posso afirmar que hoje muitos do Terror Vol. 04 – Cartas. brasileiros leem, assim como muitos escrevem, e escrevem bem. EVa: Qual seu envolvimento com a Literatura? H.S.: Meus primeiros contatos com a literatura aconteceram no Ensino Médio quando tive boas aulas sobre essa arte e quando comecei a escrever pequenos contos regionalistas e até mesmo ensaiar romances. Como me apaixonei por essa arte, acabei escolhendo seguir a carreira de professor de Literatura. Há alguns anos atrás, quando já estava terminando minha graduação, retomei o hábito de escrever literatura, criando romances, contos e até tragédias. A partir de 2016 tomei coragem para divulgar meu trabalho e começar a me considerar como escritor. Hoje escrevo contos e romances, participo de concursos literários, sou membro fundador da Academia de Letras Tecla Ferreira, projeto que criei na escola em que trabalho, sou revisor do projeto A Arte do Terror e colaborador da revisa digital E-Vista. EVa: No seu Ramo atual, é constante a ligação com a Arte em geral? H.S.: Considero-me uma pessoa privilegiada, pois trabalho direta- As novas tecnologias são ferramentes importantes para quem escreve. A arquitetura, por exemplo, faz uso de diversos programas que ampliam as possibilidades de trabalho. Por que a literatura não pode fazer uso de ferramentas que ampliem suas possibilidades? É inevitável que um escritor de hoje saiba usar ferramentas básicas de escrita e pesquisa virtuais. Mesmo assim, é inquestionável do fato de que escrever à moda antiga, com as próprias mãos, escrevendo em um papel em uma escrivaninha tem muito mais charme e cheiro de arte no sentido em que se produz algo concreto e real. Todo o escritor merece passar por essa experiência: ver folhas e mais folhas serem preenchidas com sua caligrafia até que se finde a obra. Seria um crime falar para um pintor para que ele só pinte virtualmente, porque pintar à moda antiga é antiquado. Da mesma forma, o escritor deve ter esse momento de escrita real, concreta, sentindo seus dedos firmes no lápis ou caneta, assoprando a folha, batento a ponta do lápis na mesa quando está com dúvida ou mesmo usando-o para coçar sua cabeça nesses mesmos mente com o que sou apaixonado: literatura e as outras artes. Além momentos, e por fim, ter a satisfação de pôr o ponto final, erguer a folha disso, ainda no tocante à minha profissão, creio que tenho como mis- na direção da luz e contemplar sua obra finalizada. são fazer com que outros se apaixonem pela literatura ou que pelo menos vejam o como ela pode ser fascinante e importantes em nossas vidas. Sendo professor de Literatura e Artes tenho a responsabilidade de não deixar que essas manifestações do espírito humano sejam ne- gligenciadas, subestimadas ou mesmo esquecidas, e além disso, tentar de todas as formas fazer com que meus alunos consigam despertar seu espírito criativo e comecem a criar arte. Desde quando comecei a ensinar tais disciplinas, já descobri diversos talentos, jovens que mudaram o rumo de sua vida por meio da arte. EVa: Como você lida com a crescente massa de novos autores que utilizam de inúmeras formas para publicarem suas obras? Você costuma descobri-los por conta própria ou é sempre os ami- gos e colegas que lhe indica um novo autor? H.S.: Os meios de divulgação virtual de livros e textos literários fi- zeram com que surgisse um novo fenômeno, ante-impossibilitado pelo marcado editorial: a proliferação do que chamo de “proto-autores” no sentido de que muitos que divulgam seus textos ainda estão numa pri- meira fase, no início de sua formação, ou seja, ainda não criaram pelo EVa: Qual sua visão quando o assunto é Literatura no mundo menos a essência de seu estilo. Não estou pregando o exílio desse tipo atual? A tecnologia nos deixa mais sábios ou ainda é preciso usar de autor do meio virtual, mas sim uma reflexão para esse público. Mui- de meios “não” eletrônicos para fins literários? tas vezes, o proto-escritor não domina nem as noções básicas de es- H.S.: Há anos atrás eu seguia os mesmos cacoetes de muitos E-Vista crita, nunca leu um livro na vida ou tem referências artísticas. Não há 32