ENTREVISTA com H
EVa: Breve apresentação. Você é..? universitários que afirmavam que o brasileiro não lia e nem escrevia.
H.S.: Meu nome é Luiz Henrique Cardoso dos Santos, tenho 26 porém, quando me dei conta que na cidade em que moro (Fortaleza)
anos, moro em Fortaleza, Ceará. Sou formado em Letras: Português e há diversos escritores desconhecidos, diversas academias de letras e
Literaturas pela Universidade Federal do Ceará. que geralmente as livrarias da cidade sempre estão cheias (pelo menos
Atualmente sou especialista em ensino de Literatura e trabalho como nos fins de semana), vi que eu estava sendo no mínimo injusto ao
professor do Estado do Ceará, como professor de Literatura e Artes. generalizar a questão da leitura e escrita. Hoje, eu tendo conhecimento
Nesse ano de 2017 tive meu primeiro livro de mistério publicado com o dos inúmeros grupos virtuais de leitura e escrita pelo país, além de
título de O Segredo do Cemitério São João Batista. Ainda nesse ano tive diversos ambientes na rede em que você pode compartilhar suas
meu conto Almas da Lua contemplado na antologia de contos A Arte produções literárias com os outros, posso afirmar que hoje muitos
do Terror Vol. 04 – Cartas. brasileiros leem, assim como muitos escrevem, e escrevem bem.
EVa: Qual seu envolvimento com a Literatura?
H.S.: Meus primeiros contatos com a literatura aconteceram no
Ensino Médio quando tive boas aulas sobre essa arte e quando comecei
a escrever pequenos contos regionalistas e até mesmo ensaiar romances.
Como me apaixonei por essa arte, acabei escolhendo seguir a carreira
de professor de Literatura. Há alguns anos atrás, quando já estava
terminando minha graduação, retomei o hábito de escrever literatura,
criando romances, contos e até tragédias.
A partir de 2016 tomei coragem para divulgar meu trabalho e começar a
me considerar como escritor. Hoje escrevo contos e romances, participo
de concursos literários, sou membro fundador da Academia de Letras
Tecla Ferreira, projeto que criei na escola em que trabalho, sou revisor
do projeto A Arte do Terror e colaborador da revisa digital E-Vista.
EVa: No seu Ramo atual, é constante a ligação com a Arte em
geral?
H.S.: Considero-me uma pessoa privilegiada, pois trabalho direta-
As novas tecnologias são ferramentes importantes para quem escreve. A
arquitetura, por exemplo, faz uso de diversos programas que ampliam as
possibilidades de trabalho.
Por que a literatura não pode fazer uso de ferramentas que ampliem
suas possibilidades?
É inevitável que um escritor de hoje saiba usar ferramentas básicas
de escrita e pesquisa virtuais. Mesmo assim, é inquestionável do fato de
que escrever à moda antiga, com as próprias mãos, escrevendo em um
papel em uma escrivaninha tem muito mais charme e cheiro de arte no
sentido em que se produz algo concreto e real. Todo o escritor merece
passar por essa experiência: ver folhas e mais folhas serem preenchidas
com sua caligrafia até que se finde a obra. Seria um crime falar para um
pintor para que ele só pinte virtualmente, porque pintar à moda antiga
é antiquado. Da mesma forma, o escritor deve ter esse momento de
escrita real, concreta, sentindo seus dedos firmes no lápis ou caneta,
assoprando a folha, batento a ponta do lápis na mesa quando está com
dúvida ou mesmo usando-o para coçar sua cabeça nesses mesmos
mente com o que sou apaixonado: literatura e as outras artes. Além momentos, e por fim, ter a satisfação de pôr o ponto final, erguer a folha
disso, ainda no tocante à minha profissão, creio que tenho como mis- na direção da luz e contemplar sua obra finalizada.
são fazer com que outros se apaixonem pela literatura ou que pelo
menos vejam o como ela pode ser fascinante e importantes em nossas
vidas. Sendo professor de Literatura e Artes tenho a responsabilidade
de não deixar que essas manifestações do espírito humano sejam ne-
gligenciadas, subestimadas ou mesmo esquecidas, e além disso, tentar
de todas as formas fazer com que meus alunos consigam despertar seu
espírito criativo e comecem a criar arte.
Desde quando comecei a ensinar tais disciplinas, já descobri diversos
talentos, jovens que mudaram o rumo de sua vida por meio da arte.
EVa: Como você lida com a crescente massa de novos autores
que utilizam de inúmeras formas para publicarem suas obras?
Você costuma descobri-los por conta própria ou é sempre os ami-
gos e colegas que lhe indica um novo autor?
H.S.: Os meios de divulgação virtual de livros e textos literários fi-
zeram com que surgisse um novo fenômeno, ante-impossibilitado pelo
marcado editorial: a proliferação do que chamo de “proto-autores” no
sentido de que muitos que divulgam seus textos ainda estão numa pri-
meira fase, no início de sua formação, ou seja, ainda não criaram pelo
EVa: Qual sua visão quando o assunto é Literatura no mundo menos a essência de seu estilo. Não estou pregando o exílio desse tipo
atual? A tecnologia nos deixa mais sábios ou ainda é preciso usar de autor do meio virtual, mas sim uma reflexão para esse público. Mui-
de meios “não” eletrônicos para fins literários? tas vezes, o proto-escritor não domina nem as noções básicas de es-
H.S.: Há anos atrás eu seguia os mesmos cacoetes de muitos
E-Vista
crita, nunca leu um livro na vida ou tem referências artísticas. Não há
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