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Trabalhamos sempre a pensar nos títulos , tínhamos um plantel muito competitivo para o que era o campeonato naquela altura . O campeonato mudou muito nos últimos anos , tem ficado mais forte , e a nossa equipa era muito forte e compacta . Era muito difícil perdermos com alguém , estávamos invictas e a fazer um percurso magnífico . Se não fosse a pandemia provavelmente teríamos fechado a temporada com chave de ouro .
O convite do Istres Provence era irrecusável ? Não era irrecusável , mas nem sequer quis ouvir propostas de outros clubes portugueses porque sempre quis voar e perceber até onde conseguia chegar . Ir para França era um passo maior do que eu pensava dar , o campeonato francês é melhor do que o português e decidi experimentar para ver como seria .
Gostou da experiência em França ? A nível desportivo não foi das melhores , porque tive poucas chances de jogar , mas aprendi muito . Convivi com atletas mais experientes que jogavam melhor do que eu e acho que isso me fez crescer muito . O meu treinador na altura , o André Sá , insistiu muito em alguns fundamentos do meu jogo que me fizeram evoluir muito .
O que se passou lá para acabar por regressar a Portugal ? Tinha contrato por dois anos , mas não estava muito feliz e custavame um bocado estar sozinha . Não queria ficar lá , tinha planos de ser mãe e não queria adiá-los para muito mais tarde . A frustração desportiva fez-me regressar a Portugal para poder estar em casa com o meu marido e a minha família . Pensei “ vou tentar ser mãe agora ” e resolvi voltar para Portugal com o objetivo de parar uma temporada .
Foi fácil conciliar esse desejo com a profissão ? Mais ou menos . Quando assinei pelo Leixões deixei claro que queria ser mãe e que ia tentar naquele ano . Era um risco que o clube corria ao assinar comigo , mas eu disse que ia tentar engravidar num determinado período da temporada para conseguir acabar o campeonato . O Leixões aceitou , sempre me ajudou nisso , e as coisas foram acontecendo . Quando lhes transmiti a notícia de que estava grávida eles nunca se mostraram preocupados , mesmo que tenham ficado , e fizemos uma campanha muito boa .
Como foi terminar a época na disputa pelo título grávida de cinco meses ? Foi uma loucura e algo muito difícil . Não me sentia desconfortável nem tinha medo de jogar , mas a mudança de peso já tornava tudo muito complicado . Tive uma queda de rendimento que me causou alguma frustração , mas consegui continuar a jogar . Nunca a 100 %, como desejaria , mas consegui jogar até ao fim .
Essa foi a melhor temporada da sua carreira ? Foi o início de um caminho para as minhas melhores épocas , que têm sido as últimas . O grupo e as pessoas tornavam o trabalho muito fácil e acho que foi uma das minhas melhores épocas .
Custou muito perder aquelas finais pelo Leixões contra o FC Porto ? Muito , porque queríamos muito , trabalhávamos muito e não eramos vistas como candidatas ao título . Estarmos a perder 2-0 e conseguirmos empatar a eliminatória fez com que percebêssemos o nosso
50 REVISTA DRAGÕES FEVEREIRO 2024