“ DURANTE A PANDEMIA O MEU PAI FEZ-ME PERCEBER O QUE ERA A TRANSIÇÃO DO FUTEBOL DE FORMAÇÃO PARA O FUTEBOL SÉNIOR . EXPLICOU-ME QUE NÃO ERA SÓ O TALENTO QUE CONTA , TAMBÉM CONTA A ALIMENTAÇÃO , O DESCANSO E QUE TODOS OS PORMENORES FAZEM A DIFERENÇA ENTRE CHEGAR AO TOPO OU SER VISTO COMO UMA ETERNA PROMESSA .”
ENTREVISTA
“ DURANTE A PANDEMIA O MEU PAI FEZ-ME PERCEBER O QUE ERA A TRANSIÇÃO DO FUTEBOL DE FORMAÇÃO PARA O FUTEBOL SÉNIOR . EXPLICOU-ME QUE NÃO ERA SÓ O TALENTO QUE CONTA , TAMBÉM CONTA A ALIMENTAÇÃO , O DESCANSO E QUE TODOS OS PORMENORES FAZEM A DIFERENÇA ENTRE CHEGAR AO TOPO OU SER VISTO COMO UMA ETERNA PROMESSA .”
Antes da pandemia apoiava-me muito nas minhas qualidades futebolísticas , no talento , no instinto , e não tinha noção da exigência do futebol ao mais alto nível . Durante a pandemia o meu pai fez-me perceber o que era a transição do futebol de formação para o futebol sénior . Explicou-me que não era só o talento que conta , também conta a alimentação , o descanso e que todos os pormenores fazem a diferença entre chegar ao topo ou ser visto como uma eterna promessa . Como tenho muita vontade de chegar ao topo e de ser um dos melhores , encaixei isso e mentalizei-me de que é esta a única forma de ter sucesso .
As corridas que ele dá serviram de motivação ? Sim , muito , principalmente durante a pandemia . Foi aí que emagreci , porque todos os dias corríamos no mínimo 15 quilómetros para aliviar o stress de não haver futebol . Tornou-se um hábito , uma rotina , e se não corrêssemos já não estávamos bem connosco . Fez-me muito bem e agradeço ao meu pai , que foi quem me meteu isto na cabeça . Corríamos juntos , quando chegávamos aos 15 quilómetros eu parava e ele continuava , porque gosta mais de correr do que eu [ risos ]. Falávamos de futebol e da família , muitas vezes acompanhados pela minha mãe e de alguns dos meus irmãos que também gostam de correr .
O futebol não deveria ser mais fácil para os jogadores mais altos e fortes ? Acho que não , basta ver que muitos dos melhores jogadores do mundo têm uma estatura baixa . O futebol é cada vez mais físico , joga-se cada vez com mais intensidade e velocidade , mas também depende muito da inteligência dos jogadores , da capacidade de posicionamento e de antecipar as jogadas . Um jogador pode ser muito forte , mas se não for inteligente não vai atingir o mesmo patamar de um jogador não tão forte mas com uma inteligência acima da média . Sei que num duelo físico posso não ganhar , mas se conseguir antecipar a jogada se calhar vou evitar esse duelo . É essa a minha forma de pensar .
Há alguma vantagem em ser esquerdino ? Confesso que olho para os esquerdinos de uma forma diferente . Há muito mais pessoas destras e quando vejo um esquerdino dentro do campo olho para ele de outra forma , porque sinto que são muito refinados .
Vestir a camisola 10 traz-lhe alguma pressão adicional ? Gosto muito dessa responsabilidade e acho que um jogador para chegar ao mais alto nível precisa de a sentir e de a querer assumir . Eu quero e por isso agradeço ao presidente que me escolheu para ser o número 10 . É uma responsabilidade , sim , mas não penso muito nisso dentro do campo . Penso em desfrutar do meu futebol , em ajudar a minha equipa e tudo o que vier será por acréscimo .
14 REVISTA DRAGÕES JANEIRO 2024