Dragões #468 Nov 2025 | Page 34

ENTREVISTAS
NOVEMBRO 2025 REVISTA DRAGÕES

O que eles disseram lá fora também é nosso

Nas últimas semanas, algumas das conversas mais longas com jogadores do FC Porto apareceram com outros logótipos no canto superior da página e sotaques variados do outro lado do microfone. Ainda assim, ao lê-las com atenção, há um traço comum que as devolve imediatamente a casa: a forma como falam de exigência, de ambição e do que significa jogar num clube duas vezes campeão europeu.
“ Sei que o primeiro ano é de adaptação. Cabe-me apenas treinar e aproveitar os minutos.” – Dominik Prpić
TEXTO de ALBERTO BARBOSA

Há entrevistas que nascem no Olival e outras que atravessam fronteiras antes de regressarem ao Dragão. Desta vez, foram jornais croatas, espanhóis, polacos, uma agência noticiosa e até um podcast dedicado a adeptos azuis e brancos a puxar a cadeira à frente de Prpić, Samu, Bednarek, Diogo Costa e Gabri Veiga. Nós limitámo-nos a fazer o que a boa imprensa sempre fez: ler com atenção, juntar as peças e perceber o que dizem nas entrelinhas sobre o FC Porto. As primeiras perguntas foram feitas noutros sítios, o que é natural num balneário com tantos internacionais e tantas geografias. As histórias espalham-se por outras línguas e outros países, mas o curioso é que, quando tudo se recompõe, o retrato final podia muito bem ter saído destas páginas.

A PACIÊNCIA DE PRPIĆ
Na Croácia, foi o jornal de maior circulação, o 24sata, que ouviu Prpić falar da mudança para o Dragão. O central de 21 anos sabe que chegou a um“ grande europeu” e que o primeiro ano é, acima de tudo, um exercício de adaptação: ao clube, à Liga, à mentalidade. Com pouco mais de 300 minutos em campo e concorrência forte no eixo defensivo, o croata recusa qualquer queixume. Fala de uma cláusula de 60 milhões com a naturalidade de quem percebe o plano que o clube traçou para si e devolve elogios a Francesco Farioli, um treinador que o valoriza, acredita nele e o mantém permanentemente ligado à corrente. Admite que ainda não sentiu a pressão no máximo, talvez porque a equipa segue invicta na liga, mas não se esconde atrás disso. Fala de treino, de espera, de aproveitar cada minuto. No dia a dia, vai bebendo da experiência de Bednarek, Kiwior e Nehuén Pérez, concorrência que descreve como“ saudável” e com a qual quer aprender. Entre uma comparação dos clássicos FC Porto-Benfica com os Dínamo Zagreb-Hajduk Split e uma visita guiada ao Museu FC Porto organizada pelo próprio Farioli, Prpić aprendeu rapidamente duas coisas: que Tomislav Ivić é nome sagrado no Dragão e que, para pertencer, também é preciso falar a língua. Já se faz entender em português no restaurante e na rua, porque entender o sítio onde se vive também é uma forma de respeito.
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