Dragões #467 Out 2025 | Page 67

ANDEBOL
OUTUBRO 2025 REVISTA DRAGÕES
“ Agora, a nível coletivo, estou muito melhor, não só pela relação com os pivôs e os pontas, mas também por jogar mais de mente e visão aberta. Antes, tinha muito foco na baliza.”
um defensor, vêm sempre dois e soltar a bola é importante para dar continuidade ao jogo. Foi um dos aspetos que tenho vindo a desenvolver e claro que é importante aprender ainda mais. É um aspeto em que quero melhorar, mas acho que foi algo que desenvolvi bastante.
O andebol mudou muito nos últimos anos e o jogo está cada vez mais rápido. Adaptou-se sempre bem a este estilo? Desde miúdo que me incutiram essa ideia de jogar rápido. Foi uma coisa de que eu sempre gostei. Para jogar rápido, temos de estar bem fisicamente e foi uma coisa que eu sempre cumpri. O andebol é muito intenso e temos de estar sempre ao nosso melhor nível porque, tanto no ataque como na defesa, é um jogo com muito contacto. Se fisicamente não estivermos tão bem, não conseguimos aguentar tanto tempo. Sempre gostei dessa ideia de jogo rápido e acho que é vantajoso porque são golos fáceis e não nos cansamos tanto.
Regressou e estreou-se na Liga dos Campeões. É a competição que sonha jogar todas as épocas por este clube? O nível europeu em que estamos agora era o que eu ambicionava, mas claro que o sonho de todos os jogadores é jogar na Liga dos Campeões. Lembro-me da primeira vez em que entrei nesse jogo e não parava de sorrir. Foi um sentimento espetacular e claro que quero estar nesses grandes palcos, gosto muito de ver os jogos ao mais alto nível e é um palco em que ambiciono estar no futuro.
Estava a bater recordes de precocidade até à lesão. Foi o momento mais duro da sua carreira? Diria que sim, mas também tive outra e acho que essa, também pela idade, maturidade e inexperiência, me custou mais porque também não tinha muita ética de trabalho ou de foco. Era muito novo e às vezes doía muito e, por isso, facilitava um pouco. Desta vez, lembrome que trabalhei bastante e tive sempre a ambição de voltar mais forte. Sabia que era uma coisa que afeta o futuro e pronto, não é fácil mentalmente. O pior é estar ali todos os dias a ver os colegas a treinar e a jogar e não poder dar o contributo. Sempre ambicionei voltar mais forte, acho que isso também diz muito sobre a minha mentalidade e o meu caráter de luta e entrega. Foi um momento muito difícil, mas acho que superei de uma boa forma.
Como se incute tanta força mental e disciplina para recuperar de uma lesão grave num atleta tão jovem? Temos objetivos definidos e é preciso lutar por eles. Não podemos desistir e essa mentalidade também me define. Mentalmente, temos que ser fortes. Foi essa ética de trabalho que sempre me foi incutida desde pequeno. Se queremos ser os melhores, temos de trabalhar mais do que os outros. Ser jogador profissional de andebol sempre foi um objetivo que tive desde criança, o que facilita o trabalho de querer jogar nos grandes palcos e voltar mais forte.
Superou-a e entrou logo noutra aventura, a primeira experiência no estrangeiro. Como recebeu a notícia de que ia para a Suécia? Lembro-me que tínhamos cinco laterais esquerdos no ano passado e ir para fora sempre foi uma possibilidade, porque também vinha de lesão e precisava de tempo de jogo, uma nova rotina. Falei com o Magnus e com o Martingo e depois tentámos arranjar a melhor solução. Gostei muito do projeto e foi uma decisão instantânea. O treinador do Hammarby cativoume desde o momento em que ligou.
A experiência correu ainda melhor do que esperava? Sim. No início foi uma experiência diferente porque foi tudo novo para mim: viver sozinho, um país novo, língua nova. Aconteceu tudo ao mesmo tempo. Fiz apenas um treino e joguei, mas foi relaxante a certo ponto porque todos acreditavam em mim e não esperavam que tivesse resultados a curto prazo. Sempre acreditaram em mim, receberamme muito bem e foi uma experiência muito boa pelas amizades e por ter crescido a nível pessoal. Viver sozinho deu-me outra maturidade, mas também sinto que no andebol aprendi outras coisas em que o jogo sueco é diferente. A liga é mais física, não tão tática, mas gostei bastante da experiência lá fora.
O que aprendeu mais fora de campo? Uma das minhas principais preocupações era a comida porque em Portugal há comida muito boa e na Suécia foi difícil o meu estômago adaptar-se porque a comida era boa, mas tinha muito molho. Depois foi tranquilo porque toda a gente fala inglês, é
67