Dragões #467 Out 2025 | Page 53

NATAÇÃO
OUTUBRO 2025 REVISTA DRAGÕES
voltar mais duas vezes enquanto treinador e a alegria é praticamente a mesma.
Em 1992 falhou os Jogos de Barcelona por 13 centésimos. Como lidou com a frustração? Foi muito difícil, mas seria ainda pior se nunca tivesse participado. Por outro lado, como já sabia qual era a sensação, também me custou não estar lá. A parte mais complicada foi assistir à cerimónia de abertura a partir de casa, sempre com as lágrimas aos olhos. Depois disso ainda nadei mais três anos e voltei a bater mais alguns recordes até parar de competir em 1995.
Quando é que percebeu que a carreira de nadador estava a chegar ao fim? Já tinha dito que quando deixasse de sentir prazer não ia continuar só porque sim. Já não tinha os resultados que queria, não andava a treinar tão bem e perdi o gosto por competir. A última época já não me estava a correr nada bem, então tomei a decisão de terminar a carreira no final da temporada. Foi difícil.
Tantos anos, tantos sacrifícios, tantas conquistas... Como foi a sua vida depois de deixar a competição? Agarrei-me à natação. Tive férias em agosto e, em setembro, voltei à piscina para ser adjunto da Teresa Figueiras na equipa de infantis. Estava todos os dias com as mesmas pessoas e a transição acabou por ser mais fácil, só deixei de competir no fundo.
O polo aquático ajudou a alimentar o bichinho da competição? Essa história é muito engraçada, porque o treinador de polo aquático do Salgueiros convidou-me para a equipa quando eu tinha 18 anos, mas disse-lhe que só me juntava quando deixasse de nadar. Nunca mais pensei naquilo, mas quando me retirei, dez anos depois, ele chamou-me e eu disse-lhe que com 28 anos já não fazia sentido aprender um
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