AGENDA DA PRESIDÊNCIA
OUTUBRO 2025 REVISTA DRAGÕES
ETERNOS NO MUSEU
O Museu FC Porto ganhou duas presenças que não cabem numa sala nem numa vitrina, ganhou duas figuras que pertencem ao clube e à sua identidade mais profunda. As estátuas de Alfredo Quintana e de Aurora Cunha foram inauguradas numa cerimónia carregada de emoção e simbolismo, momento que André Villas-Boas descreveu como“ uma justa homenagem” e também como uma forma de“ estender no tempo a presença” de“ dois grandes atletas”. A partir de agora, quem visitar o Museu não verá apenas duas esculturas, verá dois capítulos essenciais da história do FC Porto. No andebol, Alfredo Quintana continua a ser mais do que um guarda-redes de referência. É memória viva, é exemplo, é ferida e orgulho ao mesmo tempo. O presidente do FC Porto lembrou-o com natural clareza: Quintana“ representou muito para o FC Porto, deu a vida em campo pelo clube, deixa grandes memórias e é muito acarinhado”. A cerimónia teve também uma dimensão familiar e íntima, com a presença de Raquel e da pequena Alícia, que levaram ao hall do Museu o lado humano de uma figura que os colegas continuam a tratar como eterno.“ Falo sempre com a Alícia como se o pai estivesse presente. Ela conhece todas as histórias do pai e vê todas as fotos e vídeos, porque eu quero que ela saiba o grande homem e atleta que o pai era”, confessou Raquel Ferreira. Aurora Cunha foi homenageada em vida e, orgulhosa, fez questão de o dizer.“ Quero agradecer ao presidente André Villas-Boas por me fazer esta homenagem em vida, porque é sentida e é um orgulho muito grande”, afirmou. O FC Porto celebrou nela a campeã de grandes palcos mundiais, uma“ grande maratonista, uma grande corredora e grande vencedora”, nas palavras do presidente, mas também a mulher que escolheu o clube e ficou no clube.“ É uma homenagem a uma atleta que esteve 20 anos ligada ao FC Porto, nunca o abandonou por dinheiro nenhum e lhe foi sempre fiel”, lembrou a própria Aurora, recuperando até o nome com que José Maria Pedroto a batizou em 1977 / 78:“ O rapazinho de Ronfe”. Entre o sorriso e a emoção, agradeceu à família, aos treinadores que a formaram e à estrutura que tornou o gesto possível.“ Estou muito orgulhosa”, repetiu. Ao recordar Aurora Cunha e Alfredo Quintana lado a lado, o FC Porto fez mais do que celebrar um palmarés conjunto que soma“ mais de 30 títulos conquistados com muito sangue, suor e lágrimas”. Fez uma declaração sobre o que é e sobre o que quer continuar a ser, porque a cerimónia não foi apenas um exercício de memória, como sublinhou o presidente, foi um compromisso de continuidade. Para Aurora, é o reconhecimento ainda em vida de quem levou o nome do clube“ alémfronteiras”; para Quintana, é a garantia de que o FC Porto o“ quer perpetuar”. As duas novas estátuas do Museu
abrem espaço para que os mais novos perguntem quem foram, abrem feridas, mas também abrem vitórias. A partir de agora, cada visita ao Museu transporta uma fração de baliza do Dragão Arena e um pedaço de estrada aberta em nome do FC Porto. É história tornada presença.
“ Falo sempre com a Alícia como se o pai estivesse presente. Ela conhece todas as histórias do pai e vê todas as fotos e vídeos, porque quero que ela saiba o grande homem e atleta que o pai era.” – Raquel Ferreira, viúva de Alfredo Quintana
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