LIGA EUROPA
OUTUBRO 2025 REVISTA DRAGÕES
Quando o contexto também joga
Perder em Nottingham não é um desvio de identidade, é medir forças com um histórico bicampeão europeu que investiu forte( cerca de 236 milhões de euros na janela de verão) e estreou Sean Dyche com organização e pragmatismo, assinando a primeira vitória europeia em três décadas. A série perfeita caiu, mas o FC Porto saiu de cabeça levantada. Numa fase de liga longa, a consistência vale mais do que um tropeção em Inglaterra.
TEXTO de ALBERTO BARBOSA
Perder em Nottingham não é perder contra uma equipa qualquer. O Forest é um histórico europeu, bicampeão continental na era de Brian Clough, que voltou a investir forte para sair da crise e competir com ambição: só na janela de verão investiu 205 milhões de libras( quase 236 milhões de euros) e foi um dos clubes da Premier League que mais gastou, reforçando um plantel já com qualidade e profundidade. Há talento entre linhas e internacionais em várias seleções, com protagonistas como Morgan Gibbs-White, Murillo, Danilo, Anthony Elanga ou Neco Williams, jogadores capazes de decidir jogos no detalhe. Frente ao FC Porto, o City Ground viveu a estreia vitoriosa de Sean Dyche, que devolveu organização e pragmatismo a uma equipa em crise de resultados e que celebrou, à terceira jornada da Liga Europa, a primeira vitória europeia em três décadas. Para os Dragões, a noite teve contrariedades( dois penáltis contra e um golo anulado), mas não beliscou a identidade. A série perfeita foi interrompida, mas a ambição continua viva. O FC Porto saiu de cabeça levantada, aprendeu com o contexto, mediu forças com um adversário robusto e mantém tudo em aberto para se reequilibrar já na próxima jornada, em Utrecht.
DO PUB AO AUGE EUROPEU O Nottingham Forest nasceu em 1865, fundado no pub Clinton Arms por praticantes de shinty( modalidade tradicional das Terras Altas da Escócia disputada com tacos e uma bola), que escolheram jogar de vermelho em homenagem aos Camisas Vermelhas de
Garibaldi – daí o apelido“ Reds”( e, mais tarde,“ Tricky Trees”). O clube joga no City Ground desde 1898, numa das margens do rio Trent, mesmo em frente ao estádio do rival, o Notts County. O primeiro grande título chegou em 1898, com a conquista da Taça de Inglaterra, mas o auge foi atingido com o lendário Brian Clough e o adjunto Peter Taylor. Depois de subir de divisão em 1977, o Forest venceu o campeonato inglês no ano seguinte e conquistou consecutivamente as Taças dos Campeões Europeus em 1979 e 1980 – um feito raríssimo para um clube fora do eixo tradicional. Nessa era somou também Taças da Liga( 1978 e 1979) e consolidou uma identidade de futebol organizado, competitivo e ambicioso. Após a saída de Clough, o clube viveu décadas de altos e baixos, com novas Taças da Liga em 1989 e 1990,
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