Dragões #467 Out 2025 | Page 28

ENTRE LINHAS
OUTUBRO 2025 REVISTA DRAGÕES
CELORICENSE 0-4 FC PORTO
Samu entrou e mudou o relógio do jogo. Em dez minutos, transformou um 1-0 controlado num 4-0 resolvido: primeiro a rodar e a bater, depois a atacar o segundo poste como mandam os manuais, por fim a chegar à zona de finalização no tempo certo. Há instinto, há frieza e há leitura, mas também há equipa: canto bem batido, desvio de Bednarek, passe rasteiro de William. Golo a golo, a ideia fica clara: o FC Porto tem banco, tem soluções e tem fome. A bola parada voltou a ser argumento. Bednarek abriu caminho com um cabeceamento de desenho simples e execução implacável, repetindo em Barcelos o que já se tinha visto nesta época: rotinas trabalhadas, blocos que atacam a zona e tempo de salto afinado. Entre o golo do polaco e a trave de Varela, percebe-se que o detalhe tem sido levado a sério. Também por isso, a nona“ folha limpa” em onze jogos não surge por acaso, mas por método. Francesco Farioli explicou o resto: humildade desde o aquecimento e mérito reconhecido ao adversário. Cláudio Ramos, com a braçadeira, acrescentou sobriedade e liderança a uma noite sem sobressaltos e o sinal que fica de Barcelos é útil para todas as competições: a equipa cresce por dentro, responde às ausências com soluções e encontra golos no trabalho coletivo. Quando o todo funciona, os protagonistas aparecem. E marcam.
Três toques de autoridade: Samu entra, resolve em dez minutos e o FC Porto segue na Taça.
Olhos na bola, corpo em extensão: Pepê ataca o espaço e faz tremer o Forest.
FOREST 2-0 FC PORTO
O City Ground acordou com dois penáltis e um golo anulado, mas o jogo contou outra história para quem vestiu de azul e branco: controlo, paciência e uma equipa que não perdeu a ideia nem quando se viu a correr atrás. Entre o toque no braço que abriu a conta e a falta de Martim Fernandes que selou o 2-0, o FC Porto empurrou o Forest para trás, remou na posse, ameaçou por Varela de longe e por Rosario na pequena área, e ainda celebrou por instantes antes de o fora-de-jogo de Samu apagar o empate. O detalhe e a área faltaram, mas a identidade não. Francesco Farioli viu o jogo pelo filtro do rendimento e da reação, não do ruído.“ Não era o resultado que queríamos, mas fizemos um jogo muito importante na forma como gerimos; concedemos dois penáltis, e nada mais, a uma equipa com muita qualidade”, sublinhou, deixando a nota de que faltou“ pontaria e mais presença na área adversária”. É o tipo de derrota que ensina sem desviar do caminho: linhas altas, coragem para sair, banco a mexer( Gabri, William, Martim) e a sensação de que, num cenário igual, o desfecho poderia ter sido bem diferente. Entre linhas, fica o essencial: a série perfeita caiu, a confiança não.“ Vamos para casa de cabeça levantada e em frente para o próximo jogo”, resumiu o treinador. A faseliga pede constância mais do que dramatização; há pontos e margem para reequilibrar já na próxima jornada europeia. Em Nottingham, os Dragões perderam no marcador, mas mantiveram a postura. E quando a ideia resiste à primeira contrariedade, o resto costuma voltar depressa.
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