Dragões #463 Jun 2025 | Page 55

FUTEBOL
JUNHO 2025 REVISTA DRAGÕES
“ Acompanhei o trabalho dele [ Daniel Chaves ] noutros clubes e sabia que ele apresentava um futebol positivo nas ideias, no modelo e na forma de jogar à Porto. As equipas dele põem em prática um jogo atrativo em que se tenta chegar à baliza, marcar golos e em que se ganha muitas vezes.” acompanhamento regular das semanas de treino. Este apoio permanente que elas sentem faz toda a diferença. Se tiverem uma situação menos tranquila ou até algum problema pessoal, nós temos uma psicóloga a tempo inteiro disponível para trabalhar com elas. Este apoio que nós temos dado é um acréscimo no mundo do futebol feminino. A avaliar pela nossa curta vivência, parece-me que ainda não existe essa preocupação noutros clubes, mas aqui colocamos a atleta no centro do processo. Se elas estiverem bem e treinarem bem, não vão ter dificuldades em perceber o jogo.
E este apoio surge logo na formação? Queremos criar boas condições para desenvolvermos o talento. Esta época vamos ter toda a formação no clube. Iniciámos o processo de forma bicéfala: tínhamos equipas no FC Porto e outras na Dragon Force. Agora queremos juntálas todas sob a nossa responsabilidade, sem esquecer que a atleta está no centro. Queremos acompanhá-las para que possam desfrutar, jogar, criar e desenvolver talento, de forma a atingirmos o nosso principal objetivo, que é formar jogadoras para a Liga BPI.
Ainda há muitas jovens a iniciar o percurso mais tarde e em contextos predominantemente masculinos. A aposta na formação é uma arma na luta contra a desigualdade de género no futebol? É isso mesmo que vamos fazer neste segundo ano de projeto, aliás já estamos a protocolar o espaço em que as atletas vão treinar e tem muito boas condições. Temos um projeto que vai procurar resolver uma questão que nos inquieta. Ainda existe muito pouca literacia sobre os trabalhos de formação do futebol feminino e a grande parte dos treinos é uma réplica do que acontece no masculino. Isto não pode funcionar assim, porque estamos a falar de contextos diferentes.
Como se resolve esse problema? Estamos em vias de formalizar um protocolo com a FADEUP para iniciar um estudo transversal que vai permitir perceber como contrariar certas lesões. Há uma propensão para lesões no ligamento cruzado anterior do joelho e nós desconhecemos as causas. Depois, há que avaliar a questão do salto pubertário, que é muito diferente nas raparigas. Queremos que todos os trabalhos sejam pensados com base em evidência científica e, nesse sentido, vamos tentar criar uma linha orientadora do treino de futebol feminino para que as nossas atletas possam chegar à equipa sénior de uma forma progressiva. Temos de formar para ganhar.
O que significa formar para ganhar? Gostávamos de chegar à Liga BPI com um
55