ESPECIAL 40 ANOS
ABRIL 2025 REVISTA DRAGÕES
o meu melhor. Nos Jogos seguintes, em 1992 … aí sim, senti-me frustrada.
A Rosa Mota conquista o ouro nesse ano, sentiu ainda mais vontade de imitar esse feito nos Jogos seguintes? O meu bichinho de ir atrás da medalha começou quando eu era criança. Houve momentos em que achei que não ia conseguir, porque tive fases más na minha carreira, mas quando vi a Rosa Mota ganhar a medalha fiquei muito contente e senti uma força extra. Aquilo dá sempre mais força, porque vemos uma atleta do nosso país no pódio, com o hino a tocar e a bandeira a subir … Sempre tive esse sonho desde criança.
Em 1992 enfrentou algumas lesões e teve de lidar com a pressão da subida de escalão. Os Jogos de Barcelona ficaram marcados pela negativa? Muito. Até equacionei terminar a carreira. Em 1992 também não era candidata a nada, mas havia vários candidatos portugueses e acabámos os Jogos sem medalhas. Fui muito massacrada e, naquele momento, senti que não valia a pena continuar no atletismo. Depois de falar com o meu treinador e com a minha família, senti que tinha de mostrar que era uma atleta. Falei com o presidente da Federação, que me tinha tecido algumas críticas, e disse-lhe que ia mostrar o que valia. No ano seguinte cheguei à final do Campeonato do Mundo de seniores, em 1994 ganhei duas medalhas e em 1995 foram três.
Onde foi buscar forças para continuar? Sabia que não treinava tanto quanto as pessoas diziam. Agora existe o escalão de sub-23, mas na minha altura não existia e eu passei diretamente de júnior para sénior. Como tinha sido uma excelente atleta nos juniores, as pessoas não compreendiam a minha má fase. Mudei, vim com mais vontade e queria mostrar que era capaz de alcançar o meu sonho de criança. Comecei a levar as coisas mais a sério. Nunca fui muito disso, consegui sempre atingir certas marcas porque gostava mesmo do que fazia. Sempre fui apaixonada pela competição e o treino não me dava tanto gozo. Entretanto comecei a dedicar-me mais e os resultados também começaram a aparecer.
É nesta fase que começa a investir nos 10.000 metros? Sim. O meu treinador falou comigo e,
Com a chinesa Wang Junxia e a etíope Gete Wami na cerimónia de atribuição das medalhas da corrida de 10.000 metros dos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996
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