“ Aos 11 anos comecei a jogar no FC Porto e a fazer parte dos apanha-bolas . Ia aos torneios das camadas jovens vestido à Porto , passava a semana inteira vestido à Porto .”
LADO B
SETEMBRO 2024 REVISTA DRAGÕES
O orgulho surge associado à responsabilidade e , ainda novo , fazia questão de ajudar os colegas em torneios da escola . Havia mais pressão para fazer a diferença ? Nunca olhei para isso com responsabilidade . Era mais de uma questão de pensar : “ Se sou jogador do FC Porto , se estou a representar o FC Porto , por algum motivo tem que ser ”. Tentava passar esses valores para as outras pessoas . Um jogador do FC Porto , mesmo quando não está vestido à Porto , toda a gente sabe que é um jogador do FC Porto . Todos os seus comportamentos têm que ter princípios que não podem ser questionáveis . O profissionalismo , a maneira como conduz a própria vida … acho que tudo isso é relevante para os jogadores jovens sentirem que , trabalhando bem , vão ter oportunidades . Às vezes vão baixar uns níveis , mas se acreditarem , forem sempre pessoas trabalhadoras que tentam fazer o que o treinador pede e forem corretos , vai ser valorizado no futuro .
Depois de se destacar entre os mais jovens e brilhar com as “ facas ”, como dizia Jesualdo Ferreira , nos treinos do plantel principal , estreou-se a 2 de fevereiro de 2008 frente à União de Leiria . O que recorda desse dia ? Lembro-me de entrar e de toda a gente me querer dar a bola . Toda a gente queria que as coisas me saíssem bem e eu senti essa energia positiva e a confiança que os meus colegas tinham . É muito importante para um jogador jovem que na altura , a estrearse como um sonho , sente responsabilidade e nervosismo . Foi extraordinário .
O quão importante foi Jesualdo Ferreira no seu crescimento ? Importantíssimo . O professor Jesualdo , em questões individuais , foi o melhor treinador que já tive . É um treinador muito exigente . Vi-o transformar jogadores bons ou excelentes em extraordinários . Isso que ele dizia , “ trouxeste as facas ”, ele sabia que eu encarava o treino como se fosse um jogo e adorava . Podia ser um titularíssimo , o Lisandro López , por exemplo , que eu ia à bola da mesma forma que ia nos juniores .
Nunca levou nenhuma reprimenda por isso ? Não , nunca . Uma vez levei uma paralítica do Bruno Alves , mas foi para aprender que há agressividade nos treinos e nos jogos , mas nunca recuei por causa disso . Tentava fazer o mesmo jogo , era exigente comigo , tentava ganhar no treino da mesma maneira que tento ganhar hoje .
Foi campeão nesse ano e saiu por empréstimo para o Olhanense de Jorge Costa . Que ensinamentos lhe passou ? Muitos . Em termos de liderança , de alegria , de ter um grupo com o treinador , foi a maior aprendizagem que já tive . Num clube que não subia há 47 anos , ele construiu uma família e havia alegria todos os dias nos treinos . Na altura , saí dos seniores do FC Porto porque queria ir emprestado para a primeira liga . Falei com o Jorge Costa e perguntei quais eram os objetivos . “ Se vieres , é para subir ”, respondeu . A confiança que ele me passou criou-me responsabilidade .
“ Aos 11 anos comecei a jogar no FC Porto e a fazer parte dos apanha-bolas . Ia aos torneios das camadas jovens vestido à Porto , passava a semana inteira vestido à Porto .”
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