Todos viemos de algum lugar
Ações para sensibilizar a comunidade acadêmica
Aidê Bianca Moser, Fernanda Kern e Raquel Lemos
“Todos nós viemos de algum lugar”. A frase um tanto filosófica foi o ponto de partida para os trabalhos realizados pela turma de Estratégias de Relacionamentos Organizacionais do curso de Relações Públicas da Unisinos no semestre 2018/2. Ao longo das aulas, os 17 estudantes, com auxílio da professora Poli Espindola, buscaram formas de sensibilizar a comunidade acadêmica sobre a chegada dos refugiados venezuelanos que, no Rio Grande do Sul, foram recebidos inicialmente pelos municípios de Canoas e Esteio. Cada um dos quatro grupos produziu conteúdos diferentes sobre a mesma temática, cuidando para que a identidade visual conversasse como um todo. A atividade teve seu ponto alto na terça-feira, 08 de novembro, quando alguns grupos colocaram em prática suas intervenções.
Após discutirem a proposta no grande grupo e chegarem à frase que abriu este texto, cada equipe encontrou suas próprias alternativa para conscientizar quem circula diariamente pela Unisinos. O primeiro grupo optou por cartas escritas à mão e as espalhou pela universidade. Outros dois, escolheram espalhar pelo campus cartazes com um QR code. Por fim, algumas estudantes visitaram um alojamento e elaboraram uma matéria relatando toda a experiência.
Homenagem a poeta venezuelano
O primeiro grupo utilizou o poeta venezuelano Alejandro Oliveros em seu trabalho. Em cartas escritas à mão, foi feito o registro do poema “Viagem”, que relata as dificuldades passadas por “desesperados” para chegar em uma província pouco atrativa. A carta segue comparando, de forma implícita, os versos do poema com todos os obstáculos que os refugiados venezuelanos encaram para vir ao Brasil. A ideia veio a partir das experiências que a estudante Karin Nandaine Schabarum tem em
seu emprego. Ela é responsável por escrever correspondências escritas à mão para clientes do banco onde trabalha quando estes têm seus pedidos de crédito negados. Fora do contexto empresarial, as cartas de sensibilização do gru-po foram espalhadas por diversos pontos da universidade. A ideia era que quem pegasse uma carta a passasse adiante depois de ler.
VIAGEM
A estas províncias apenas chegam os desesperados,os excluídos do sonho,
os mortos de uma vida sem vestígios nem paisagem. A fome das noites, guerra ao amanhecer e a peste no
vento, anima as caldeiras dos
transatlânticos.
Ninguém se submete à selva
inundada, à savana estéril sem uma história escurecida e a um horizonte de migalhas.
Chega-se a estas costas para
sobreviver na umidade, o meio-dia infinito, a noite de alimárias. Atrás restam carvalhos e oliveiras,
ciprestes e trigais.
Ninguém troca de céu sem sol
negro nas costas. A estas
províncias apenas chegam
os desesperados.