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destacar que, antes mesmo das primeiras letras, as informações já eram armazenadas e transmitidas, contando com a colaboração dos ancestrais, que preservavam a memória e a inteligência da coletividade do grupo, através da tradição oral( Azambuja, 2012) Com o surgimento da escrita, passa o alfabeto a dar“ memória ao pensamento”, aperfeiçoando consideravelmente os registros( Macluhan, 1964, p. 103). A propogação da informação através do correio, usando cavalos e postos de trocas, durante a antiguidade, foi técnica desenvolvida tanto pela China, como pelo Império Romano, agilizando o fluxo de dados( Lévy, 2008). É digno de nota que, na Idade Média, os feudos, espaços marcados pela autossustentabilidade, observavam o ritmo natural das estações( Thompson, 1995).
Pela segunda metade do século XV, já no Medievo tardio, implementou-se a imprensa, como modalidade de armazenamento e comunicação mediada por irradiação, no sentido de que os emissores das mensagens se voltavam a receptores desconhecidos( Marcondes Filho, 2013). Vivia-se a“ Galáxia de Gutenberg”( Macluhan, 2011, p. 278), tratando-se de uma“ interface privilegiada de comunicação”( Azambuja, 2012, p. 499), em que as informações eram transmitidas a inúmeras pessoas, diante da possibilidade de replicar os textos.
Com as grandes invenções, especialmente, nos meios de transporte, como motores, seja a vapor como elétrico ou de combustão, redes de estradas de ferro e embarcações longas, houve a propulsão da comunicação, obrigando a adoção de horário estandardizado, baseado no meridiano de Greenwich( Bauman, May 2010). No século XIX, com a invenção do telégrafo( 1830) e, após três décadas, do telefone( 1860), a mensagem passou a viajar mais depressa, e, inclusive, neste último caso, ouvindo-a através da voz do emitente. Mais adiante, com o advento do rádio e, a posteriori, da televisão, os hábitos das pessoas se modificaram, através de uma informação mais imediata e compartilhada, seja através das notícias em tempo real ou da imagem em mosaico( Macluhan, 1964). Dessa forma, pode-se depreender que o século XVIII consagrou-se pelos sistemas de mecanização, decorrentes da revolução industrial; o século XIX, as máquinas a vapor; e, no século XX, a velocidade, o processamento e a distribuição de informações( Delpiazzo e Viega, 2004).
Em 1945, foram criados os primeiros computadores, na Inglaterra e nos Estados Unidos, que se tratavam de“ calculadoras programáveis capazes de armazenar programas”, servindo, em um primeiro momento, aos militares( Levy, 2008, p. 8). Sendo assim, em 1969, foi criada a Internet, quando a Advanced Research Projects Agency( ARPA), idealizada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, buscava alcançar uma superioridade militar tecnológica em relação à União Soviética( Castells, 2003) Em 1990, o governo dos Estados Unidos transferiu a administração da Internet à National Science Foundation( NSF), libertando-a do” seu ambiente militar”, tendo-a privatizado. Desde então, os provedores de Internet criaram as suas redes, lançando portais, com base comercial, aumentando progressivamente o número de usuários( Castells, 2003). José de Oliveira Ascensão, de forma objetiva, descreve o histórico da Internet:“ Nascida militar, metamorfoseada em científica, massificada a seguir, a Internet foi aceleradamente transformada num veículo comercial”( Ascensão, 2001, p. 18). No ano de 1994, pela primeira vez, o Netscape Navigator é lançado como navegador comercial e, em 1995, surgiu o Internet Explorer,
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