reconduzidos como motor da inovação e criação de valor no setor público e privado; f) melhorar a eficácia: mediante o aproveitamento dos conhecimentos e os recursos dos cidadãos que de outra forma enfrentam barreiras para participar. A participação cidadã pode garantir que as políticas sejam mais específicas e atendam às suas necessidades, eliminando desgastes potenciais.
Apesar de existirem muitas dimensões para se analisar os dados abertos( Harrison, et al., 2011), no presente estudo eles serão abordados sob a perspectiva da transparência.
2.3. Transparência e accountability
Com base em pesquisa da literatura sobre o tema, Michener e Bersch( 2011) concluíram que o primeiro estudo a fazer uso da palavra transparência, com o sentido atual, data de 1962, quando o economista dinamarquês Knud Erik Svendsen a utilizou em conexão com o problema de transparência em macroeconomia. O termo transparência assumiu novos significados e ganhou popularidade nas duas últimas décadas, com a disseminação das boas práticas de governança corporativa que têm relação com o modo como as empresas são administradas e controladas.
A transparência teve lugar de destaque no discurso administrativo na América do Norte e na Europa ocidental, após os anos 1970. Tornou-se, então, um dos valores essenciais da Administração Pública, configurando-se como um eixo privilegiado do reformismo administrativo que fez da transparência o princípio, e do segredo a exceção( Jardim, 1999; Rodrigues, 2013).
Para Speck( 2002), a transparência é uma arma simples e eficiente para evitar arranjos antes tolerados sob o véu da desinformação e, segundo Tapscott e Ticoll( 2005), a transparência é uma antiga força com novo poder que tem implicações de longo alcance para todo o mundo. Para estes últimos, a transparência vai além da obrigação de revelar informações financeiras básicas. Eles a definem“(...) como a acessibilidade, para os stakeholders, às informações institucionais referentes a assuntos que afetem seus interesses”( Tapscott e Ticoll, 2005, p. 23).
Rodrigues( 2013, p. 424) argumenta que, na atualidade,“(...) a noção de transparência já está incorporada – embora não inteiramente praticada pelos governos e instituições – como uma premissa para o bom funcionamento da Administração Pública”.
Na literatura, encontram-se diversas definições para o termo transparência, com variados graus de especificidades, dependendo do contexto. A argumentação de Michener e Bersch( 2011), quando conceituam a qualidade da transparência, está centrada em duas dimensões que a circundam: visibilidade e inferabilidade, que representam o grau no qual a informação é completa e facilmente localizada( visível) e o nível no qual a informação é útil e verificável( inferível). Os conceitos foram apresentados de modo contínuo. A ideia de que algumas informações são mais visíveis, ou inferíveis, do que outras, está em consonância com a noção de que alguns
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