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Para se verificar o atendimento aos padrões de qualidade internacionais dos “oito princípios de dados abertos”, o presente trabalho apoia-se, então, nos princípios e padrões de dados abertos. 2. Fundamentos teóricos Esta seção apresenta os eixos que fundamentam a pesquisa, a saber: a) open government (governo aberto) e electronic government (governo eletrônico ou e-gov), b) open data (dados abertos), e c) transparência e accountability. 2.1. Governo aberto e governo eletrônico A concepção de governo aberto ganhou notoriedade nas últimas décadas, com o desenvolvimento das TICs. Com o avanço das TICs, os cidadãos estão se empoderando ao mesmo tempo em que ressignificam sua linguagem, seus meios e as interações sociais. A Internet está presente no cotidiano de milhões de pessoas no mundo e permite o exercício da liberdade de expressão de forma inédita até então, possibilitando que os cidadãos procurem, recebam e transmitam informações, formem opiniões e se expressem. Em muitos casos, driblando a censura dos governos, como ocorre nos regimes totalitários, ou com fortes restrições ao acesso livre dos seus cidadãos à Internet. A ideia de governo aberto tem se posicionado (...) como ‘a nova promessa’ que propiciaria reinventar a gestão pública e ampliar as capacidades de ação da cidadania, refletindo a transição de um modelo ‘analógico’, hermético e autorreferente, em nossas anacrônicas burocracias públicas, para alcançar um ‘digital’, aberto, participativo e inclusivo (Güemes; Ramírez-Alujas, 2012, p. 196, tradução nossa). A abertura dos dados e informações governamentais é uma das modalidades que contribuem para a redução da opacidade no relacionamento entre Estado e cidadania. Possibilita a participação cidadã nos assuntos públicos, o que fomenta a centralidade do cidadão nos aspectos participativos da democracia. Os governos de diversos países têm desenvolvido iniciativas direcionadas a incrementar a abertura, a transparência e a colaboração entre o Estado e os cidadãos, aproveitando-se dos avanços das TICs. Uma dessas iniciativas é o governo aberto. Oszlak e Kaufman (2014) o definem como uma relação de mão dupla entre cidadania e Estado, possibilitada pela disponibilidade e aplicação de Tecnologias de Informação e de Conhecimento, que facilitam múltiplas interações entre atores sociais e estatais e se traduzem em vínculos mais transparentes, participativos e colaborativos. Oszlak e Kaufman (2014) admitem que governo aberto e governo eletrônico sejam conceitos polissêmicos, cuja conotação possibilita diferentes significados e alcances. Sua complexidade aumenta quando se observam outros termos, como: governo 2.0, e-democracia, ou dados abertos, surgidos para se referirem a esses 208