Direito e Informação na Sociedade em Rede: atas Direito e Informação na Sociedade em Rede: atas | Page 140

intelectual? (b) Como compatibilizar as noções de cultura digital livre baseadas no copyleft, que emanam do Creative Commons, com os princípios do ordenamento jurídico brasileiro? A partir das considerações expostas, pretendemos compreender a natureza das transformações e discutir a interface entre os direitos autorais de obras publicadas no ciberespaço e as licenças criativas do Creative Commons partindo da necessidade de um entendimento dentro do ordenamento jurídico brasileiro vigente. Em um primeiro momento, estabelece-se uma discussão acerca das produções colaborativas e como estas podem expandir os bens intelectuais em rede. Em seguida, discutem-se as implicações do Creative Commons no alinhamento do ordenamento jurídico brasileiro. Produção colaborativa em ambientes digitais As atividades colaborativas digitais estão intimamente relacionadas com o desenvolvimento das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (Castells, 1999), em que ferramentas de publicação de conteúdos estão ao alcance do cidadão comum. Esta prática recorrente em meios digitais pressupõe que este sistema seja o integrador de todos os meios de comunicação com potencial de interatividade e de transformação sobre a cultura contemporânea. Há uma transição da sociedade de massa para uma sociedade informacional onde predomina uma alta demanda de informação para os usuários, que podem selecionar o que mais lhes interessam, cuja característica é “o desaparecimento da instância legitimadora clássica do discurso: emissor e receptor fundem-se na dança dos bits” (Lemos, 2002, p. 80). Para essa conjuntura de transformações, Lemos (2007) define o contexto de transição a partir de mídias de função massiva para mídias de função pós-massiva. Ou seja: no primeiro caso temos os meios tradicionais que controlam o polo de emissão como rádio e televisão; de outro lado, temos os meios digitais e aplicações como Twitter e Facebook que funcionam como função pó s-massiva com liberação do polo emissor. Neste modelo de liberação do polo emissor tem-se práticas ciberculturais em rede livre de controle do modelo tradicional, favorecendo uma esfera informacional, comunicacional e conversacional, de modo a apontar uma característica multidirecional ao invés da centralidade de um-para-muitos e, sim, de todos-todos, num alcance global das informações que circulam em rede (Lemos, 2002). Neste espaço compartilhado, as iniciativas colaborativas foram potencializadas no sentido bottom-up e facilitadas pelo uso exponencial da rede, estimuladas, sobretudo, pelo baixo custo, possibilidade de disponibilizar o conteúdo por toda rede e o aspecto de interatividade. Recuero (2009, p. 24) ressalta o desenvolvimento da internet como um processo de mudança que incide no comportamento humano no qual “[...] a mais significativa é a possibilidade de expressão e sociabilização através das ferramentas de comunicação mediada pelo computador”. A livre participação e envolvimento na esfera social passou a ser uma atitude voluntária e dinâmica para todos os produsers, sobretudo, pela força das mídias sociais que são “um fenômeno complexo, que abarca o conjunto de novas tecnologias de comunicação mais participativas, mais rápidas e mais populares” (Recuero, 2011, online). Portanto, as mídias sociais, conjugadas com 128