MONSANTO – TRÊS FRAGMENTOS
─ com a pata esticada para dentro da cela, estendeu-me um
chocolate twix meio comido.
─ Oh, um chocolate, estou a ver. Obrigado. Um twix,
com as duas barras meio roídas. Obrigado, encontraste isto
num caixote lixo?
─ Sim, sim.
─ Porque raio alguém desistiria de um twix a meio e o
atiraria para um caixote do lixo?
─ Já encontrei assim ─ disse-me, cerrando as patinhas
contra o peito.
─ Espera lá, que marcas são estas no chocolate...? Isto
não é de pessoa! É de focinho de guaxinim. Foste tu?
Comeste o chocolate que me ias dar?
Ficou muito envergonhado e baixou as orelhas.
Apercebi-me que ainda tinha restos de chocolate nos bigodes.
─ Toma, não quero o teu chocolate, Guaxinim. Vá lá,
não fiques assim amuado, toma o chocolate de volta. Não
quero, ainda apanho raiva ou uma guaxinite qualquer... Não
quero. Raios, toma lá o chocolat... pronto, eu fico com ele.
Fiquei com o chocolate. Podia partir as pontas roídas e
comer apenas a porção que não estava ensopada em baba
com raiva. De súbito, o Guaxinim Neurótico exaltou-se e
começou aos pulinhos.
─ Já descobrimos uma forma de fazer pipocas!
─ Ai sim, então?
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