JOÃO NEVES
chegava da faculdade com a namorada eu já saía sozinho,
aproveitei a bicicleta que lhe deste para mim (ele já não a
usava) e ia dar umas voltas. A mãe gostava de umas
namoradas, não gostava de outras: odiava que eles
estivessem fechados no quarto. A mãe teve um desgosto
muito grande com a anterior namorada do Bruno: chorava
com pena que não tivesse resultado (embora eu nunca tenha
percebido
bem
o
que
ela
queria
dizer
com
isto,
aparentemente com a Filipa resultou: casaram e tiveram um
filho, mas depois penso: e se se separarem, resultou na
mesma? Se sim, que raio é resultar?), chorava mais que o
Bruno, só o vi choramingar uma vez, e fê-lo prometer, vê lá a
parvoíce, que ele nunca mais lá levaria uma rapariga a casa
porque a mãe era pessoa de se apegar facilmente (era?) e
depois custava-lhe muito a separação. Quem sofreu com isso
foi a Filipa: muito discutiu o Bruno com a mãe por causa
dela. Tu ias gostar dela: o Bruno usava muito esse argumento
e com razão, ias gostar muito dela. Começou a missa, sentar,
levantar, sentar, levantar. Os padrinhos do Bruninho são
porreiros, o Bruno fez bem em convidar os amigos de
infância deles: tenho a certeza que não ias concordar que o
Miguel fosse padrinho do teu neto: especialmente depois de
saberes que foi ele, não o Bruno, que partiu a tua carrinha a
entrar na garagem. Vinham de um concerto (ainda por cima
não me quiseram levar), o Miguel convenceu o Bruno de que
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